A Bíblia consiste de duas partes: o Antigo Testamento e o Novo Testamento. No Antigo Testamento constam, por assim dizer, “acordos antigos” firmados entre Deus e o homem anteriormente ao advento dos ensinamentos de Jesus Cristo. Quando Jesus veio ao mundo e pregou o Evangelho, foi firmada uma nova aliança entre Deus e o homem – de amor e perdão. A esse pacto deuse o nome de Novo Testamento.
O livro inicial do Antigo Testamento é o Gênesis, que consiste da narração de como o mundo foi criado e que faz parte do Pentateuco, isto é, cinco primeiros livros do Antigo Testamento, escritos por Moisés sob inspiração divina. Todo livro de ensinamento religioso deve ser escrito sob inspiração. Mas que é inspiração’! É uma percepção clara que ocorre como um forte lampejo, transcendendo os cinco sentidos do corpo, que são a visão, a audição, o olfato, o paladar e o tato. A percepção por meio dos cinco sentidos é percepção sensorial, totalmente diferente de inspiração. O estudo de coisas e fatos captados pelos cinco sentidos constitui a ciência; e a expressão literária desses fatos e coisas constitui a prosa e a poesia.
A inspiração nos permite conhecer algo sem o auxílio dos sentidos. Por exemplo, às vezes encontramos pela
primeira vez com uma pessoa e imediatamente temos a certeza de que ela é uma criatura bondosa. Sentimos isso sem qualquer análise da sua personalidade. Tal tipo de percepção não depende dos sentidos físicos como a visão e a audição. Ela ocorre no âmago do nosso ser. Portanto, podemos dizer que a inspiração é uma “sensação que vem de dentro”, ao passo que as sensações físicas são “sensações provocadas por fatores externos”. Os fatos captados por inspiração diferem daqueles captados pelos sentidos. Não precisamos contar com a visão ou a audição para compreendermos como o mundo foi criado, porque existe em nós a mesma Vida que deu origem ao Universo. Em outras palavras, é porque dentro de nós flui a Vida de Deus.
No Gênesis, está escrito: “No .princípio Deus criou o céu e a terra”. A palavra “princípio” em japonês é hajime, que comumente é escrito com o ideograma M, mas que também pode ser escrito com o ideograma , o mesmo de ichi (um). Podemos, pois, dizer que “aquele que é um” está presente no céu e na terra, está em nosso ser e no interior de todas as pessoas, está nos montes, rios, plantas, enfim, em todos os elementos da Natureza. A mesma Vida existe dentro de nós, dentro dos outros, dentro de todos os seres e todas as coisas. Por isso conseguimos, sem recorrer à percepção dos sentidos físicos, sentir e saber como ocorreu a criação do céu e da terra. A própria Vida que flui em nós faz-nos compreender isso. Assim é a inspiração.




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