Um dos grandes nomes do atletismo brasileiro nas provas de velocidade finalmente receberá sua medalha olímpica. Após pedido de reavaliação do caso por parte do Comitê Olímpico do Brasil (COB), o Comitê Olímpico Internacional (COI) informou que Cláudio Roberto de Sousa, integrante do revezamento 4x100m do Brasil nos Jogos Olímpicos de Sydney, ganhará a medalha de prata que não lhe foi entregue há duas décadas. À época, o velocista piauiense disputou as eliminatórias da prova, mas acabou não sendo premiado pelo Comitê Organizador. Na final, Vicente Lenílson, Edson Luciano, André Domingos e Claudinei Quirino conquistaram a prata, atrás dos Estados Unidos e à frente de Cuba.
“Vamos reparar uma injustiça histórica. Sempre o consideramos medalhista olímpico, mas faltava ao Cláudio receber a medalha que lhe é de direito. Sua participação naquele revezamento foi fundamental para o Brasil chegar à decisão e depois conquistar a medalha de prata”, afirma o presidente do COB, Paulo Wanderley.
Cláudio, hoje com 46 anos, afirma que nunca desistiu de receber a medalha. “Eu tenho orgulho daquele time ter ganhado a medalha. Eu fiz parte dele, corri com eles. São vinte anos a espera dessa carta. Eu só tenho a agradecer”, disse Cláudio Roberto. “Não posso deixar de ressaltar a importância do COB que foi o mediador dessa situação, em contato com o Comitê Olímpico Internacional, reivindicando essa medalha. O COB foi fundamental para que essa medalha chegasse até a mim. Agradeço ao nosso presidente, Paulo Wanderley, que me ligou para dar os parabéns, ao diretor Jorge Bichara, que foi muito resiliente na busca dessa medalha, e a todos que de alguma maneira contribuíram para esse momento. Agradeço muito pelo interesse de todos em resolver essa história”.
O presidente da Confederação Brasileira de Atletismo, Warlindo Carneiro Filho, elogiou a postura de Cláudio até que a história chegasse ao desfecho positivo. “Parabenizo o Claudinho, uma pessoa sensacional, pela tranquilidade com que esperou. Parabenizo o André Domingos, que fez uma homenagem ao Cláudio com a réplica da medalha entregue em 2017, na assembleia da CBAt. Parabenizo o COB pelo trabalho. Claudinho, que momento espetacular! Estamos todos felizes e emocionados com mais essa vitória do atletismo brasileiro”, disse Warlindo Carneiro.
A busca pelo reconhecimento recomeçou em 2019, quando o vice-presidente do COB, Marco Antônio La Porta, se encontrou com Cláudio em Teresina, terra natal do atleta. O COB, através de carta da Presidência, fez uma nova consulta sobre o assunto junto ao Comitê Olímpico Internacional. Depois de uma troca de mensagens, apresentação e análise de provas e documentos, o COI comunicou ao COB que concordava com o pedido e enviará a medalha até o fim do verão europeu desde ano, em setembro.
“Assim que o COB receber a medalha enviada pelo COI, providenciaremos uma cerimônia de entrega da medalha à altura do feito do Cláudio Roberto. O Comitê tem trabalhado para valorizar a memória do esporte olímpico brasileiro e, sem dúvidas, essa homenagem fará jus a um dos grandes velocistas do Brasil”, completou Paulo Wanderley.
Revezamento em Sydney 2000
Cláudio foi o responsável por fechar o revezamento brasileiro nas eliminatórias, ao lado de Vicente Lenilson, Edson Luciano e André Domingos, com o tempo de 38s32, segunda melhor marca daquela fase. A partir da semifinal, ele foi substituído por Claudinei Quirino, que manteve o alto nível do quarteto brasileiro até a decisão, quando foi superado o recorde brasileiro da prova (37s90). Agora, depois de 20 anos de espera, Cláudio terá a honra de colocar a medalha no peito, em cerimônia ainda sem data e local definido devido à pandemia da COVID-19.
“A sensação de receber a medalha é maravilhosa. Eu busquei essa medalha durante anos e, de repente, ela vai chegar no meu peito. Nunca perdi a esperança, mas sempre conduzi de uma maneira tranquila. Esse é o meu jeito. Confesso que quando o André Domingos me deu uma réplica da medalha, parei de ir atrás, mas ao mesmo tempo com a esperança, acreditando que de alguma forma esse momento iria acontecer. Agora é esperar mais uns meses até essa medalha chegar até mim. Já tá confirmado, já é oficial e eu estou numa felicidade bem grande”, comentou Claudinho.
A medalha olímpica será a coroação da carreira deste velocista piauiense, de 46 anos, que ainda tem no currículo a prata no Mundial de Atletismo, em Paris (França), e o ouro nos Jogos Pan-americanos de Santo Domingo (República Dominicana), ambas conquistadas em 2003. Atualmente, Cláudio Roberto integra o projeto Heróis do Atletismo, da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), e busca formar novos talentos no projeto esportivo da Fundação Nossa Senhora da Paz, em Teresina (Piauí).
“O Cláudio foi um excelente atleta que sofreu com algumas lesões que atrapalharam a sua carreira, mas, sempre que esteve presente em grandes competições, se apresentou muito bem. Uma pessoa muito simples, do bem e querido por todos. Essa decisão faz justiça e traz uma felicidade a todo mundo que conhece o grande atleta que foi Cláudio Roberto de Sousa”, disse o diretor de esportes do COB, Jorge Bichara.
Fonte: COB