Em continuidade dos artigos anteriores publicados nos dois últimos domingos, proponho aqui a última parte, em preparação para a Semana Santa e a Páscoa, no prisma da Campanha da Fraternidade 2018, cujo tema é “Fraternidade e superação da violência”, com o lema “Vós Sois todos irmãos” (Mt 23,8).
12ª Estação: Jesus morre na cruz. A morte ignominiosa é o resultado cruel da violência estabelecida. É o gosto do sádico e a pseudo – vitória do vingativo, o riso do maligno, o desejo do insensível, a aparente derrota do amor e do perdão. “Tudo está consumado” (Jo 19,30), exclama o Mestre. “Em tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lc 23, 46). Na morte de Cristo estampa-se a intolerância religiosa de Anás e Caifás, a corrupção política e a irresponsabilidade social de Pilatos e de Herodes. Estas são formas de violência que resultam na destruição de pessoas e de povos.
Como não nos lembrarmos dos mártires de hoje, sobretudo os cristãos trucidados pela intolerância religiosa do Estado Islâmico? Dos mártires vítimas de leis antirreligiosas que, em nome do Estado Laico, deseja na verdade eliminar a fé e o direito das pessoas de serem fiéis à sua opção religiosa e à sua consciência. O Estado deve ser laico, mas nunca laicista. O ateu escreveu: “A religião é engano de que tem medo do escuro”; ao que o fiel respondeu: “O ateísmo é o engano de quem tem medo da luz”.
13ª Estação: Jesus é descido da cruz. O corpo físico com as marcas da terrível violência é despregado do madeiro e entregue às pessoas que assistiram o mais terrível e cruel dos suplícios. Não seria racional que imaginássemos a ausência da mãe neste momento, já que os santos evangelhos narram a sua presença (cf. Jo 19, 25). Ao receber o corpo frio de seu filho, ela o abraça em lágrimas e transpassada pela espada de dor profetizada por Simeão (cf Lc 2, 35). Entre todos os que o conheciam, alguém não falhou na solidariedade e no amor! As mães, em geral não falham. Muito menos as que têm Deus no coração e na vida.
Para a violência há remédio. O mal não vencerá. Ainda que tudo pareça trevas, para quem crê, um lume fica aceso ao final do túnel. “Eis aqui a Serva do Senhor, cumpra-se em mim a tua vontade” (Lc 1, 38).
14ª Estação: Jesus é sepultado. A sepultura é o silêncio da ação violenta. Embora haja requintes de crueldades quando se assassina e se desrespeite ainda o corpo do morto, a sepultura é o fim não para a vítima, mas para o violento ganancioso, sedento de sangue e de morte. Oferecer sepultamento digno para os mortos é um ato de fé e um protesto contra todo atitude que provoque a morte não natural, um clamor, sobretudo contra a violência praticada. É ato de caridade rezar pelos que não tem a dignidade dos velórios e dos ritos cristãos das exéquias; dos que são depositados em valas comuns por não terem onde caírem mortos. É ato de solidariedade humana respeitar os corpos dos falecidos.
15ª Estação: Jesus Ressuscita. Vitória! Alegria! Paz! A violência foi vencida, o rancor derrotado, a morte perdeu sua força. O alívio penetrou o coração daquele que creu e não desesperou. “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, será apenas uma semente, mas, se morre, brotará e produzirá frutos” (Jo 12, 24). Isto garante a força bendita da vida que continua. Fomos criados para a vida eterna. A morte de Cristo nos purificou e podemos respirar seguros e tranquilos. A sepultura para quem crê em Cristo é como Sacrário que encerra as hóstias consagradas, mas que se abre de par em par para alimentar com o Corpo Eucarístico de Cristo, o coração do caminheiro da fé, da esperança e do amor.
Vale a pena construir a cultura da paz, da concórdia, do perdão, da ternura, da fraternidade. Assim será o futuro no lar de Deus, pois se com Cristo morremos, com Cristo ressuscitaremos para a vida eterna. Amém.
Deus lhe conceda viver santamente esta semana e lhe proporcione uma feliz Pascoa! Somos todos irmãos na busca da superação da violência, a caminho do céu que Deus nos dará.