Secretaria investiga casos de febre amarela em onze pacientes imunizados em Minas Gerais

Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) investiga os onze casos de pacientes que foram diagnosticados com febre amarela, mas já tinham tomando a vacina em anos anteriores. A informação foi confirmada pela Secretaria no boletim epidemiológico dessa terça-feira, 27.

O subsecretário de Vigilância e Proteção da Secretaria à Saúde, Rodrigo Said, salientou que segundo a literatura médica, a vacina possui eficácia de 95% a 98%. “Em um universo de quase 90% de cobertura vacinal no Estado, 18 milhões de pessoas vacinadas em Minas Gerais, a gente mostra que a efetividade da vacina é superior a que consta na literatura”, afirmou.

Ou seja, se calculáramos a porcentagem desses onze casos entre 18 milhões de pessoas vacinadas, esse valor seria inferior a média registrada da eficácia da vacina. “A vacina é segura, tem uma grande efetividade e é a principal medida de recomendação. Ainda não há nenhuma alteração na recomendação, mantém as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS) de somente uma dose ao longo da vida”, acrescentou.

Em relação ao perfil dos pacientes, o subsecretário afirmou que são pessoas com idades que variam entre 7 e 47 anos, ambos os sexos e que todos receberam uma dose da vacina de febre amarela com mediana de 5 anos de idade, variando entre 9 meses a 44 anos.

Ele também disse que a investigação confirmou que não são casos que poderiam ser classificados como erros vacinais. “A apuração pontuou que [as vacinas] eram de lotes e tiveram os processos de armazenamentos diferentes e, além disso, eram moradores de municípios distintos.

Portanto, os casos podem está diretamente relacionado à resposta individual dos pacientes e que por isso, as investigações continuam”, ressaltou Said. Ele não confirmou se um dos casos é de algum paciente oriundo da Zona da Mata.

Outra informação publicada no levantamento é o trabalho desenvolvido pela pasta em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que visa coletar e analisar os vetores responsáveis pela transmissão da febre amarela colhidos nas áreas com circulação do vírus da doença. “Foram colhidos as espécies de mosquito haemagogus e sabethes, responsáveis pela transmissão no ciclo silvestre, e o aedes aegypt, no ciclo urbano. O resultado deu positivo para três espécies do tipo haemagogus, o que confirma a nossa fala que há apenas a ocorrência do ciclo silvestre”, explicou Said.
Conforme detalhou a nota da SES-MG, as coletas foram realizadas nos municípios de Juiz de Fora e Belmiro Braga entre os dias 23 e 29 de janeiro.

Foi feita a coleta de 202 exemplares de mosquitos com potencial para a transmissão da febre amarela no município de Juiz de Fora e 261 exemplares em Belmiro Braga e foram identificados espécies do ciclo silvestre da doença em ambas as cidades, com predominância de Haemagogus janthinomys, Haemagogus leucocelaenus e Psorophora ferox.

“A verificação da presença de exemplares de Haemagogus janthinomys positivos para o vírus da febre amarela em Juiz de Fora, indica que o município apresenta apenas o ciclo de transmissão silvestre da doença, ainda que os casos tenham sido registrados na área delimitada como ‘urbana’.

Além disso, esse achado evidencia o risco de transmissão dentro do município, mostrando a importância da realização das medidas de prevenção e controle da febre amarela”, destacou a nota. “Para outras amostras coletadas, a positividade para o vírus da febre amarela ainda está em fase de processamento”, acrescentou.

Além das duas cidades, a coleta foi realizada em outros dezesseis municípios, incluindo Belo Horizonte, Muriaé e Ubá, porém os resultados ainda não foram disponibilizados. Said afirmou que o monitoramento irá continuar para que seja acompanhada a circulação do vírus no Estado.

JUIZ DE FORA

O boletim pontua que foram confirmados 264 casos da doença em Minas Gerais, destes casos, 96 evoluíram para óbito e outros 589 casos continuam em investigação. Juiz de Fora possui 22 casos confirmados, sendo que cinco pacientes morreram e os demais seguem internados ou já receberam alta. “Nós temos intensificado todos os trabalhos.

A Secretaria de Estado, através de suas estruturas, tem feito um trabalho de acompanhamento junto com a secretaria municipal nos desenvolvimentos das atividades na cidade”, disse Said. “Além disso, houve a publicação de recursos financeiros para apoiar o município no desenvolvimento dessas ações e também temos apoiado toda a organização da rede assistencial para o atendimento desses pacientes que residem em Juiz de Fora ou em outras cidades, mas que tem o município como local de referência”, completou.

As atividades foram de bloqueio com inseticida com equipamentos de ultra baixo volume (UBV), em três ciclos; ações de Educação em Saúde, com orientação à população sobre formas de prevenção e combate aos vetores, vacinação e uso de repelente; intensificação da vacinação por meio de visita domiciliar; e estratégias de intensificação do controle vetorial em áreas urbanizadas, com trabalho dos agentes de controle de endemias.

MUTAÇÃO NO VÍRUS

Em relação às mensagens que têm circulado nas redes sociais sobre mutações no vírus da febre amarela, a Fiocruz esclareceu em comunicado que o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) realizou um estudo para acompanhar possíveis mudanças genéticas no vírus da doença em circulação no país.

“Foram identificados mutações no vírus e esses resultados foram publicados em 2017. Conforme divulgado textualmente na própria comunicação original efetuada pela Fiocruz no mesmo ano, não há qualquer impacto destas mutações para a eficácia da vacina”, finalizou a nota.

 




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