Componentes da maconha são alternativa ao tratamento de algumas doenças

O uso medicinal da maconha foi tema da palestra “Uso Terapêutico dos Canabinoides”. O evento aconteceu na noite de sexta-feira, 23, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e evidenciou a possibilidade de utilizar componentes da cannabis no tratamento de doenças.

Segundo o professor da Faculdade de Medicina da UFJF e um dos organizadores do evento, Márcio Alves, o debate se tornou ainda mais necessário após experiência com pacientes autistas, em que a medicação tradicional foi substituída pelo óleo de cannabis, que se mostrou eficaz.

“Tivemos contato com o Grupo de Apoio a Pais e Profissionais de Pessoas com Autismo (Gappa). Algumas mães se recusavam a dar o remédio tradicional para os filhos, por ser muito forte. Mediante a isso, o uso da cannabis se tornou uma forte vertente para o tratamento, perante a sua eficácia. O Gappa solicitou apoio para realizar o evento, o que irá culminar no atendimento pleno dessa demanda no município”, explicou Alves.

Apesar da eficácia comprovada, Alves ressalta a importância de continuar pesquisando. “O pouco de evidência que temos mostra que a cannabis é uma substancia efetiva em algumas doenças, e de baixa toxicidade. Os efeitos colaterais são facilmente administráveis”, comentou.

Segundo ele, as principais dificuldades para utilização desses medicamentos no município estão relacionadas ao interesses econômicos e ao preconceito que ainda persiste na sociedade. “Já existe um fator social em que médicos estão prescrevendo a cannabis para uso medicinal, porém poucos conseguem superar as dificuldades para encontrar o medicamento com qualidade. E uma discussão ultrapassada, mas que ainda faz parte do nosso cenário”, disse. “Outra preocupação é que sabemos que a maconha não deve ser liberada para todo mundo plantar em casa, por ser uma planta valiosa. O seu uso deve ser controlado para que se possa atingir os máximos benefícios. Além do mais, o tráfico de drogas e a criminalidade trazem um pensamento preconceituoso, mas a substância não está diretamente relacionada a esses problemas. É uma cultura que ainda temos, mas que precisa se desconstruir, e a partir disso, pensarmos que a maconha pode ser utilizada para a medicina”, acrescenta.

 




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