Trabalhadores do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) entrarão em greve a partir desta sexta-feira, 23. O anúncio foi feito em audiência pública realizada, nessa quarta-feira, 21, pela Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). A reunião debateu problemas enfrentados pelos servidores, além da suspensão do atendimento prestado por hospitais e clínicas credenciados devido ao atraso no repasse de recursos do instituto.
A presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg (Sisipsemg), Maria Abadia de Souza, informou que o número de funcionários encontra-se reduzido, a contratação de terceirizados e comissionados aumentou, os profissionais estão se aposentado e as condições de trabalho estão precárias. “Diante da ausência de sinalização do Poder Executivo em tomar medidas efetivas, vamos entrar em greve por tempo indeterminado”, anunciou.
Geraldo Henrique, diretor do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado (Sindpúblicos-MG), ressaltou que há, hoje, 4 mil pessoas à espera de cirurgias a serem realizadas em unidades hospitalares credenciadas pelo Ipsemg.
Mas, segundo ele, os procedimentos se encontram sob ameaça, uma vez que a suspensão do atendimento aos beneficiários do instituto tem sido generalizada. Ele ainda exigiu a demissão do atual presidente do Ipsemg, Hugo Vocurca Texeira.
Também o presidente do Conselho de Beneficiários do Ipsemg, Alexandre Pires, relatou casos de hospitais que se recusam a atender os servidores. Ele enfatizou que a suspensão dos serviços no interior é ainda mais grave porque os usuários de algumas regiões não contam com outras opções.
O presidente acrescentou que os servidores do instituto vivem no limite, sendo também vítimas do “justificado descontentamento dos beneficiários”. Por isso, declarou seu apoio à greve anunciada pela entidade sindical.
Já a coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE), Beatriz Cerqueira, denunciou a precarização das condições de trabalho dos servidores estaduais, que enfrentam parcelamento de salários.
Beatriz afirmou que o governo deve R$200 milhões ao Ipsemg e denunciou o desvio de recursos da previdência estadual para o caixa único do Tesouro. “Essa medida, tomada pelo ex-governador Alberto Pinto Coelho, já deveria ter sido revista por Fernando Pimentel”, criticou.
GESTOR AFIRMA QUE VAI REGULARIZAR PAGAMENTOS
O presidente do Ipsemg, Hugo Vocurca Texeira, reconheceu o atraso nos repasses e anunciou que já foi pactuado um cronograma de pagamento para regularizar a prestação dos serviços da rede credenciada. Ele disse que as negociações estão em andamento e citou exemplos de instituições que já retomaram o atendimento aos beneficiários, como o Hospital Luxemburgo, em Belo Horizonte.
Ele admitiu que ainda há dificuldades em negociar com parte das unidades hospitalares. “O hospital credenciado em Varginha tem exigido um aumento de 82% na tabela de procedimentos e consultas. Não podemos arcar com um percentual tão elevado, mas daremos prosseguimento às tentativas de fechar um acordo”, explicou o gestor.
Quanto à contratação de terceirizados, Vocurca ponderou que não foi possível nomear o quantitativo necessário de candidatos aprovados em concurso devido à Lei de Responsabilidade Fiscal, uma vez que o Estado já ultrapassou o limite prudencial de gastos com pessoal. Ele disse que, diante dessa impossibilidade, o instituto foi obrigado a lançar mão da terceirização.
César Lima, secretário adjunto de Estado de Planejamento e Gestão, ressaltou que o governo passa por uma crise fiscal agravada pelo deficit previdenciário, estimado em R$16 bilhões, e lembrou o peso da dívida estadual com a União. “Precisamos ter o olho na história, conhecer a realidade da instituição e não nos ater a problemas pontuais”, concluiu.
Por sua vez, o assessor-chefe de Relações Sindicais do governo, Carlos Calazans, reforçou que, apesar das dificuldades enfrentadas, o Ipsemg sairá fortalecido. “O governo está providenciando o pagamentos a fornecedores e a credenciados. Quero crer que em março tudo será regularizado”.
Fonte: Assessoria/ALMG