O setor público consolidado, formado por União, estados e municípios, registrou saldo positivo nas contas públicas em outubro, de acordo com dados do Banco Central (BC), divulgados nesta quarta-feira, 29, em Brasília.
O superávit primário, receitas menos despesas, sem considerar os gastos com juros, ficou em R$4,758 bilhões. Esse foi primeiro resultado positivo, em cinco meses. Em igual mês de 2016, o resultado positivo foi bem maior: R$39,589 bilhões.
O chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, explicou que o resultado maior de outubro de 2016 foi impactado pelo programa de regularização cambial e tributária, conhecido como Lei da Repatriação. “Se excluíssemos essas receitas do ano passado, esse resultado teria sido deficitário em R$5,5 bilhões, aproximadamente”. Por outro lado, em outubro deste ano, o resultado foi impactado com cerca de R$ 5 bilhões de receitas com o programa de regularização tributária, chamado de Refis.
Segundo Rocha, ao se excluir esse efeito, as contas públicas ficaram perto do “equilíbrio”, em outubro deste ano. Rocha explicou que é importante registrar resultados positivos nas contas públicas para conseguir reduzir a dívida pública. “O objetivo é recuperar gradualmente os superávits primários para que seja possível primeiro reduzir a tendência de crescimento do endividamento e depois fazer com que se reduza”.
Em outubro deste ano, o Governo Central (Previdência, Banco Central e Tesouro Nacional) apresentou superávit primário de R$4,967 bilhões. Os governos estaduais apresentaram superávit primário de R$484 milhões, e os municipais, déficit de R$132 milhões. As empresas estatais federais, estaduais e municipais, excluídas empresas dos grupos Petrobras e Eletrobras, tiveram déficit primário de R$ 562 milhões no mês passado.
No resultado acumulado do ano, as contas públicas estão com saldo negativo. De janeiro a outubro, houve déficit primário de R$77,352 bilhões, contra R$45,912 bilhões em igual período de 2016. Em 12 meses encerrados em outubro, o déficit primário ficou em R$ 187,23 bilhões, o que corresponde a 2,88% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
Os gastos com juros nominais ficaram em R$ 35,251 bilhões em outubro, contra R$36,205 bilhões em igual mês de 2016. No acumulado do ano até outubro, essas despesas chegaram a R$338,378 bilhões. Em 12 meses encerrados em outubro, os gastos com juros somaram R$414,164 bilhões, o que corresponde a 6,37% do PIB.
O déficit nominal, formado pelo resultado primário e os resultados de juros, atingiu R$30,494 bilhões no mês passado ante o superávit de R$3,384 bilhões de outubro de 2016. Nos dez meses deste ano, o déficit chegou a R$415,73 bilhões. Em 12 meses encerrados em outubro, o déficit nominal ficou em R$601,394 bilhões, o que corresponde a 9,25% do PIB.
Dívida pública
A dívida líquida do setor público (balanço entre o total de créditos e débitos dos governos federal, estaduais e municipais) chegou a R$3,298 trilhões em outubro, o que corresponde a 50,7% do PIB, com redução de 0,1 ponto percentual em relação a setembro.
A dívida bruta – que contabiliza apenas os passivos dos governos federal, estaduais e municipais – chegou a R$4,837 trilhões ou 74,4% do PIB, com aumento de 0,5 ponto percentual em relação ao mês anterior.
Fonte: Agência Brasil