Após um primeiro semestre com queda nos preços, as frutas ficaram mais caras em quase todas as centrais de abastecimento (Ceasas) analisadas no mês de setembro. O destaque foi para o mamão, com variações de aumento que chegaram a 164%, em Goiânia, onde a caixa do mamão passou de R$20 para R$50. Os dados fazem parte do 10º Boletim Hortigranjeiro da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“As frutas surpreenderam com um leve desabastecimento, mas foi por causa das altas temperaturas que a procura ficou maior e a produção não conseguiu atender a demanda”, disse o gerente de Modernização do Mercado Hortigranjeiro da Companhia, Erick de Brito Farias.
O mamão apresentou as maiores altas. O preço também aumentou em Brasília (57%) e em Belo Horizonte (53%). “O mamão teve as colheitas aceleradas nos últimos meses por causa das altas temperaturas e de uma forte oferta. Com isso, o preço caiu. Agora, faltou oferta da fruta no mercado e, por isso, o preço subiu em todas as Ceasas.”
Outras frutas também tiveram aumento de preço: a laranja, com alta de até 42,42% em Goiânia; a maçã, com alta de até 8,21% na Grande São Paulo; a melancia, com aumento de até 25,43% em São Paulo; e a banana, com alta de até 23,04%, em Curitiba.
Comum na mesa dos brasileiros, a banana enfrentou maior alta de preços no ano passado. O produto vinha se recuperando, aumentando a produção e diminuindo os preços no primeiro semestre desse ano. No entanto, o relatório de setembro mostrou uma alta nos preços da fruta em cinco das oito centrais analisadas. Segundo Farias, a alta registrada no mês passado foi pontual, devido à queda na produção de banana nanica, e não deve interromper a trajetória de recuperação do produto.
Apesar das elevações, algumas frutas tiveram queda nos preços, como nectarina (38%), ameixa (36%), caju e coco (26%), manga (18%) e morango (13%).
Hortaliças
Ao contrário das frutas, as hortaliças diminuíram de preços. O destaque foi a batata, que vem apresentando preços mais baixos desde o ano passado, por ter maior oferta. As maiores quedas ocorreram em Goiânia (18%), Recife e Curitiba, sendo as duas últimas com percentuais em torno de 14%. Em Brasília, a cotação caiu 11% em relação ao mês anterior, seguida de Belo Horizonte, com 10%, Vitória, com 9% e São Paulo, 7%.
A alface, que também teve queda em todos os mercados analisados, teve o preço recuado em mais de 30% nas Ceasas de Goiânia e Recife. O motivo, segundo o estudo, foi a boa oferta no mês de setembro, enquanto a demanda foi menor na maioria das centrais.
Já a cebola, que baixou 17% em Brasília e 15% em Vitória, apresentou quedas sistemáticas nos preços graças à forte oferta nacional. A cenoura teve queda de até 5,62% em Fortaleza.
Já o tomate apresentou altas em seis das oito centrais analisadas. A maior alta foi em Goiânia, com 16,53%, chegando a um preço de R$ 1,49 por quilo. O preço, no entanto, ficou abaixo de São Paulo, com R$ 2,53 por quilo, o mais alto registrado. O aumento na região foi 1,07% no mês passado.
O levantamento é feito mensalmente pela Conab, por meio do Programa de Modernização do Programa Hortigranjeiro (Prohort), com base em informações enviadas pelos principais mercados atacadistas do país. Em junho, a análise considerou entrepostos localizados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Goiás, Distrito Federal, Pernambuco e Ceará.
Privatização
Antes da apresentação do boletim, o superintendente de abastecimento da Conab, Newton Araújo Silva Júnior, disse que está preocupado com o anúncio de uma possível privatização da Ceasa de Minas Gerais. Segundo ele, a Conab não foi inserida nas discussões sobre o processo, que vem sendo conduzido pelo Ministério do Planejamento. A intenção é que seja colocada em leilão no segundo semestre de 2018, afirmou.
“A privatização das centrais de abastecimento nos preocupa, principalmente, pelas informações ali geradas, que servem de políticas públicas”, afirmou. De acordo com ele, na centrais de abastecimento são coletadas informações que servem de subsídio para elaboração e condução de políticas públicas. São também espaços onde pequenos produtores escoam a produção.
“Estamos fazendo gestões para que tenhamos assento nesse grupo de trabalho, a fim de colocar questões relativas ao abastecimento. Queremos que os centros se modernizem. Nós entendemos que eles carecem de investimento e que a participação privada, nesse contexto, é bastante importante. Mas temos que ter alguns cuidados. O abastecimento é questão de segurança nacional”, afirmou.
A Conab é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. É encarregada de gerir as políticas agrícolas e de abastecimento, para assegurar o atendimento das necessidades básicas da sociedade, preservando e estimulando os mecanismos de mercado.
Fonte: Agência Brasil