Fazendo palestra sobre a Reforma da Previdência esses dias em Belo Horizonte, na Associação dos Magistrados Mineiros tive que compatibilizar, no encerramento, a necessidade de se viver o dia de hoje com a de planejar previdenciariamente o futuro. Com efeito, ninguém deve viver senão o dia de hoje. E intensamente. Mesmo porque não é possível viver o ontem, nem o amanhã.

O dia de hoje é o único que se acha ao seu alcance. Sofrem os que vivem à espera do amanhã, sofrem os que vivem presos ao passado. O próprio senhor, na sua Oração do Pai Nosso, nos ensina: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje…”. A oração recomenda a luta diária pela alimentação. Mas, para se proteger dos dias futuros e incertos, onde existe a certeza da morte e a probabilidade da doença, o homem tem necessidade de recorrer à previdência privada ou pública.

Guardar hoje para usar amanhã. É esse o fundamento da previdência. E, com as Reformas Previdenciárias, o Governo pretende, cada vez mais, entregar à iniciativa privada as aposentadorias e pensões, através da previdência complementar, deixando sob a gestão do Estado apenas benefícios até o teto do INSS. Falando de previdência, assim, não se pode deixar de considerar o futuro e nem de se proteger das suas incertezas. Não se faz planejamento previdenciário da noite para o dia. Mas, abstração às medidas concretas que o homem deve adotar no plano previdenciário, e mesmo no seu planejamento financeiro e patrimonial periódico, especialmente ante o risco do desemprego e outras adversidades, inútil angustiar-se com o que não se acha ao seu alcance.

O dia de hoje é o único que se acha a seu alcance; então, depois de planejar e prover o que necessário, viva-o. Não fique esperando eternamente aquela formatura, aquelas merecidas férias, aquela oportunidade que pode não surgir. Não retarde aquela visita tanto tempo planejada porque ela pode se tornar desnecessária. Nem aquele abraço prometido porque pode chegar tarde. A vida passa. E muito veloz. E você pode ser pego em plena caminhada sem chegar ao seu destino.

O grande poeta OLAVO BILAC tem um dos mais belos trechos da literatura que conheço: o soneto REMORSO. Vale a pena ler cada uma de suas estrofes e refletir sobre elas: “Às vezes, uma dor me desespera…Nestas ânsias e dúvidas em que ando.Cismo e padeço, neste outono, quando calculo o que perdi na primavera. Versos e amores sufoquei calando, sem os gozar numa explosão sincera… Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera Mais viver, mais penar e amar cantando! Sinto o que desperdicei na juventude; Choro, neste começo de velhice, Mártir da hipocrisia ou da virtude, Os beijos que não tive por tolice, Por timidez o que sofrer não pude, E por pudor os versos que não disse!




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