MARCOS DE SESMARIAS DO CAMINHO NOVO

O Caminho Novo era a estrada aberta pelo bandeirante Garcia Rodrigues Paes, no início do século XVIII, com a finalidade de facilitar o transporte do ouro e de pedras preciosas de Minas Gerais para o Rio de Janeiro. O caminho mais curto entre a produção de riquezas e o litoral, de onde elas partiriam para Portugal. Uma alternativa mais rápida e segura ao Caminho Velho, a estrada real mais antiga que, partindo do Rio, passava por São Paulo e pelo sul de Minas.

Por essa estrada passaram bandeirantes, índios, escravos, tropeiros, cientistas europeus, ilustradores da nossa fauna e flora, e outros artistas, inconfidentes mineiros, o Tiradentes como o guarda do caminho e propagandista do movimento de libertação, o corpo esquartejado do mártir mineiro, D.Pedro I em 1831, o então Barão (mais tarde Duque) de Caxias durante a Revolução Liberal de 1842, e tantos outros que ajudaram a escrever a história de Minas e do Brasil.

Para promover a ocupação das margens da estrada, a Coroa Portuguesa distribuiu concessões de sesmarias ao longo do caminho.

SESMARIAS eram terrenos que chegavam a ter 30 quilômetros quadrados.

Aprovada a concessão da área, o sesmeiro (proprietário do terreno), acompanhado dos agrimensores (que faziam a medição da área, e também chamados de “piloto” e “louvado”) fincavam uma pedra (veja nas fotos) com quatro cruzes (uma em cada face) na margem da estrada. A partir desta pedra (também chamada de “pião de pedra” ou “MARCO DE SESMARIA”) eram feitas mais quatro medições: a sudoeste da pedra, a noroeste, a nordeste e a sudeste. Ao final de cada medição, uma outra pedra era colocada (menor que a principal e com uma cruz escavada). Assim, era formada a quadra de sesmaria.

Como conseqüência dessa distribuição de terras, surgiram fazendas, inúmeros ranchos para pousadas dos tropeiros e igrejas. O comércio às margens da estrada foi florescendo e, assim, povoados iam se formando ao longo do Caminho Novo, dando origem às atuais cidades de Simão Pereira, Matias Barbosa, JUIZ DE FORA, Ewbank da Câmara, Santos Dumont, Antônio Carlos, Barbacena, e outras.

Há mais de vinte anos pesquiso sobre este tema. Percorri todo o trecho do Caminho Novo entre Simão Pereira e Antônio Carlos. Boa parte desse itinerário cheguei a fazer a pé. Nas fotos podem ser vistos os quatro marcos de sesmarias que encontrei na região. Um deles (o da Francesa) foi descoberto em parceria com outros amigos pesquisadores da cidade. Os demais encontrei em minhas andanças solitárias por esses lugares. Nas fotos estão em sequência: o da Barreira do Triunfo (estrada do Campo Grande), o de Paula Lima (estrada da Vileta), o de Ewbanck da Câmara (Francesa) e o de Santos Dumont (Cabangu).

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