Especialistas da UFJF apontam que 3% dos pacientes não recuperam o olfato após contrair a Covid-19

Uma análise feita por especialistas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no qual analisa os sintomas causados pela infecção do Sars-CoV-2, aponta que 3% das pessoas que contraíram a doença, não recuperam o olfato e o paladar.

De acordo com a médica otorrinolaringologista e docente da UFJF, Leticia Bakary, a perda do paladar está diretamente ligada à perda do olfato e no caso das pessoas que foram diagnosticadas com Coronavírus, “ocorre por um intenso processo inflamatório no bulbo olfatório, que resulta na destruição de células de sustentação e das células basais. o processo de captação de um odor começa pela entrada do mesmo nas narinas, com absorção da mucosa nasal. Durante essa absorção, os neurônios “traduzem” a informação do odor que, posteriormente, passa pelo nervo olfatório e chega ao bulbo olfatório – este, por sua vez, trata-se de uma estrutura cerebral responsável por receber a informação dos neurônios olfativos para identificar o cheiro” detalha.

Além disso, a otorrinolaringologista Rosana Caiaffa, preceptora do Hospital Universitário (HU), explica sobre a possibilidade de perda permanente do olfato, assim como do paladar, pode acontecer repentinamente e pode persistir além do tempo de infecção da doença. “Interessante observar que este pode ser o único sintoma de um quadro de Covid-19 que, normalmente, não vai apresentar congestão nasal e coriza” pontua.

“A maioria dos pacientes que têm esses sintomas após infecção pelo coronavírus não tem morte neuronal, ou seja, o olfato eventualmente volta ao normal. Cerca de 3% dos pacientes, no entanto, não recuperarão esse sentido devido à perda olfatória definitiva por destruição dos neurônios. Neste caso, a pessoa deve ser orientada para medidas de segurança quanto a identificar vazamentos de gás, princípios de incêndio e alimentos estragados, por exemplo, já que ela não sentirá cheiros”, explica Letícia Bakary. 

Conforme os dados apresentados na análise, 65% dos pacientes que apresentam casos leves da Covid-19 recuperam a função olfatória em torno de 14 dias. Porém, os especialistas explicam que isso depende da evolução da doença em cada organismo da pessoa infectada. Se por acaso o paciente não recuperar a sensibilidade dentro do tempo estimado, é possível que a perda olfatória e do paladar seja mais severa e prolongada, perdurando por meses.

Tratamento

Segundo Letícia, após avaliação feita pelo médico, o paciente passará pelo tratamento de recuperação do olfato e paladar. Posteriormente será definido o processo adequado para cada paciente. Ela explica também que “Têm sido usadas medicações para conter este processo inflamatório com liberação de substância lesivas aos componentes do bulbo olfatório”.

Para Rosana Caiaffa, se em certos casos o paciente não conseguir sentir cheiros e sequer identificar sabores através do paladar, mesmo passado o tempo de infecção, é necessário realizar um tratamento específico elaborado por um profissional otorrinolaringologista e que existe um protocolo utilizado para estimular o olfato:

“Existem algumas alternativas de tratamento, sendo a principal delas o que chamamos de treinamento olfativo, que consiste em estimular o olfato através de alguns cheiros como café, baunilha, mel, vinagre, cravo, pasta de dente de menta, entre outros produtos e alimentos. O paciente irá cheirar cada substância a cada 15 segundos, dando intervalos de 10 segundos entre cada amostra, duas vezes ao dia.”




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