Pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo, reforça para o tratamento com a vacina no combate ao Coronavírus

O III Congresso de Extensão e da V Mostra de Ações de Extensão da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), contou com a participação da pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Margareth Dalcolmo, uma das vozes mais atuantes no combate à pandemia do Coronavírus.

Ela esteve presente na palestra que fez abordagem sobre O enfrentamento à pandemia de Covid-19 e a função social das universidades públicas”, cujo evento foi transmitido ao vivo pelo canal da UFJF no YouTube. A mediação da atividade foi realizada pela vice-reitora da UFJF, Girlene Silva:

“Parabenizo a Pró-Reitoria de Extensão pela coragem de realizar um evento desse porte e dessa importância de maneira remota. Agradeço à pesquisadora Margareth Dalcolmo por dedicar parte de seu tempo a esse debate, sobre o papel da ciência brasileira nesta conjuntura de excepcionalidade. Em nome das cidades de Juiz de Fora e Governador Valadares, agradecemos e reconhecemos o seu papel nesta pandemia. De forma muito cuidadosa e dedicada, suas reflexões têm esclarecido a população brasileira”.

Margareth destacou a imprescindibilidade das universidades e demais instituições públicas de pesquisa brasileiras, bem como a apreensão e a dedicação dos profissionais da saúde; a importância da ciência e das publicações científicas;  a ausência de tratamento medicamentoso para Covid-19; a relevância das vacinas; o enfrentamento à onda negacionista; o possível retorno às aulas presenciais; os grupos mais vulneráveis à doença; dentre outros assuntos.

Uso de artigos científicos no combate à pandemia

Durante o evento, Margareth ressalta a importância do uso de artigos científicos, para o enfrentamento à doença: “Houve uma produção alucinante de papers [artigos científicos], cerca de 95 mil, ao longo do último ano em todo o mundo sobre a Covid-19. A Revista Science, por exemplo, que é uma  publicação de 1918, chegou a divulgar estudos à época da pandemia da gripe espanhola. Nós, pesquisadoras e pesquisadores, vamos resgatando conhecimentos. Para conseguir compreender a conjuntura atual, voltamos, por exemplo, ao final do século XIV, quando da peste negra.”

Ela relembra também que no Brasil, a ciência é feita principalmente por instituições públicas:

“O Brasil teve papel considerável na produção científica, especialmente, na área biomédica. As instituições públicas, as universidades brasileiras, têm prestado um serviço muito importante, seja com a realização de testes, com a produção de equipamentos de proteção e de equipamentos médicos de baixo custo, seja com a participação em estudos.”

Importância da humanização dos pesquisadores

A pesquisadora reforça também para o quão importante é a humanização dos pesquisadores, bem como da reciclagem do conhecimento científico acumulado ao longo do tempo:

“Podemos dizer que a pandemia promoveu uma humanização compulsória de todos nós pesquisadores. Entramos nas casas da população, dando explicações, desde quando começamos a compreender o que estava ocorrendo. Aos poucos fomos  entendendo a origem do SarsCov2, nos mercados de carnes na China. Sobre a origem do vírus, é importante ressaltar a necessidade de os centros de pesquisas estarem atentos ao modo como o meio ambiente vem sendo tratado, sobretudo, no Brasil.”    

Ela relembra também sobre as dúvidas de profissionais da saúde e pesquisadores, a respeito do Coronavírus e também sobre o aprendizado adquirido durante o período da pandemia:

“Imaginávamos que fosse uma pneumonia diferente e que matava. Não esperávamos que fosse se espalhar pelo mundo e tornar-se uma pandemia. É uma doença muito grave, sistêmica. É uma situação muito dolorosa. São perdas imensas: 215 mil brasileiros ao longo de um ano. Nos questionamos sobre o que fazia o paciente chegar andando e rapidamente entrar em falência respiratória. Compreender isso foi o nosso primeiro aprendizado. Hoje a primeira pergunta é: quando foi que você teve o primeiro sintoma?” explica.

Tratamento da doença

Conforme Margareth, o melhor tratamento continua sendo a utilização da vacina, pois “O Brasil teve um belo desempenho ao propiciar estudos de fase 3. Várias instituições públicas brasileiras participaram. Duas vacinas estão aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Duas vacinas serão produzidas por instituições públicas brasileiras: a Fiocruz e o Butantan”.

Ela reforça também sobre a importância da utilização de máscaras de proteção, álcool em gel, isolamento, dentre outras medidas não farmacológicas:

“Os órgãos públicos brasileiros foram fundamentais na busca por alternativas de telemedicina, projetos de saúde por meio de aplicativos e telefones, detecção de sinais e sintomas sem a presença física dos pacientes. Hoje a ciência já tem a certeza de que não há tratamento medicamentoso para a Covid-19. Para cientistas, o assunto sobre o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina está encerrado.” 

Futuro cenário da vacinação

Margareth diz que apesar com todos os esforços e avanços promovidos pela ciência, para viabilizar a produção da vacina, menos da metade da população mundial poderá ser imunizada este ano:

“Fato é que em 2021 não teremos vacina para todo o planeta. Ainda não sabemos quantas pessoas foram infectadas. Não conhecemos todo o arsenal clínico, nem sempre sabemos por qual motivo algumas pessoas desenvolvem formas graves ou não. Não conhecemos todas as sequelas. Não sabemos sobre quais são definitivas e quais são temporárias. Não sabemos o tempo de duração da imunidade. Sabemos que já temos uma segunda onda da doença.”

Sobre a vacina, conforme a pesquisadora, o objetivo é a transferência completa da tecnologia de produção para o Instituto Butantan e a Fiocruz 

“Com todas as vacinas e com 8 bilhões de habitantes no planeta, se somarmos todos os esforços, não chegaremos a 3 bilhões de doses em 2021. Essa é a verdade. Como o Brasil vai se comportar? Nós estamos fazendo a coisa certa no sentido de prover, Butantan e Fiocruz, com acordo de cooperação técnica para a transferência completa de tecnologia. Neste momento,  estamos esperando o insumo. Ao longo do ano, já estaremos produzindo o insumo no Brasil”, concluiu, ressaltando, também, a gratidão aos profissionais de saúde e pesquisadores brasileiros empenhados no combate à doença” conclui. 




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