Com jogo agressivo e impositivo, Calderano define estratégia para Tóquio 2020: “Melhorar o que já faço bem”

A maioria dos atletas tem dificuldade em responder à seguinte pergunta: “quem te inspira?” Isso pode ser explicado pelas diversas variáveis a serem consideradas, como personalidade, profissão e grandes feitos. Mas isso não se aplica ao mesatenista carioca Hugo Calderano, 23 anos, que voltou ao sexto lugar do ranking mundial e ao quarto do ranking olímpico na lista mais recente divulgada pela ITTF. Como tudo na história dele, que nem se lembra mais como era a vida antes do esporte, escolher quem serve de exemplo também está ligado ao esporte: o pivô norte-americano Shaquille O’Neal, ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 e quatro vezes campeão da NBA.

“Tem vários atletas que admiro muito no esporte, que me inspiraram ou ainda inspiram. Um que sempre cito é o Shaquille O’Neal, pelo jogo bastante agressivo e também pela forma como ele dominava os adversários na quadra. Isso é o que tento fazer na mesa”.

Se Calderano tenta dominar os adversários durante os jogos, é possível afirmar que a vida dele é dominada pelo tênis de mesa. “Não lembro quando foi a primeira vez que vi uma mesa de ping-pong. Tínhamos uma no sítio em Teresópolis e brincava desde os dois anos. Praticava outros esportes quando era criança, mas desde cedo comecei a levar o tênis de mesa a sério. Então, nem consigo lembrar como era a minha vida antes disso”.

Apesar de praticar tênis de mesa desde criança, Calderano não conseguiu atingir tão cedo um nível técnico semelhante ao dos atletas mais tradicionais do esporte, como China e Japão. Isto exige o uso de uma estratégia diferente para se manter entre os melhores do mundo: manter a preparação mental e física sempre em dia, passando muitas horas na mesa e sendo criativo.

“Tenho que correr um pouco atrás na questão da técnica com os asiáticos. Eles começam a treinar desde muito cedo e tem uma base muito forte. No tênis de mesa é muito importante o treinamento, a repetição, para fixar a técnica e chegar perto deles. Mas acho que você pode tentar compensar de outras formas, como a parte mental e a física”.

“Sempre procuro ser bem criativo, inovar nos golpes. Mas acho que o principal fator para evoluir é melhorar as coisas que já faço bem. Isso só vem com muito treino, horas na mesa e dedicação. Essas são as chaves para eu continuar evoluindo e ganhar dos melhores atletas”.

Na adolescência, o mesatenista chegou a ficar um período sem praticar o esporte pela ausência de competições estaduais. Mas o bom desempenho em torneios nacionais o levou a trocar o Rio de Janeiro por São Caetano do Sul, em busca de evolução competitiva, na primeira de muitas mudanças de cidade. A mais difícil delas segue na memória.

“A maior dificuldade que passei foi aos 16 anos, quando mudei do Brasil para a França e, após um ano e meio, me machuquei e tive que voltar ao país para fazer uma cirurgia. Não sei o que foi pior: morar longe da família e do país ou voltar para ter que fazer uma cirurgia”, revela Hugo, que, no mesmo ano, esteve nos Jogos Olímpicos de Londres, através do projeto Vivência Olímpica do Comitê Olímpico do Brasil (COB).

Mas como tudo no esporte, quatro anos depois, Calderano viveria a maior alegria da vida esportiva. “Os Jogos Olímpicos Rio 2016 tiveram uma torcida incrível. Foi uma experiência que poucos atletas têm a oportunidade de viver. A partir dali o tênis de mesa também ficou mais popular no país”.

Apesar de jovem, o atleta já tem no currículo quatro medalhas de ouro em Jogos Pan-americanos, uma de bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude Nanquim 2014 e foi o primeiro brasileiro a disputar uma final de etapa platinum do Circuito Mundial. Agora, ele se prepara para uma segunda experiência nos Jogos Olímpicos. E já imagina como será.

“Toda vez que penso nos Jogos Olímpicos de Tóquio, sinto um fogo arder dentro do meu coração. É para esse momento que treino todo dia”.

 

Fonte: COB




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