Contratar um empréstimo para negativados foi a saída que 16% dos brasileiros endividados encontraram para tentar limpar o nome nos últimos 12 meses. Mas, para quase metade, a conta saiu mais cara do que deveria.
Segundo revelou um levantamento do SPC Brasil, 43,5% dos cidadãos que pegaram dinheiro emprestado mesmo com o CPF restrito continuam com dívidas. Desse total, 20,5% não conseguiram sequer limpar o nome e ainda terão que pagar pelo empréstimo. Outros 10,3% saíram da inadimplência, mas não sabem se terão como pagar todo o valor financiado. Uma das principais razões para o inadimplente fazer a dívida virar uma bola de neve são os juros dessa modalidade. Pesquisa do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) de 2016 mostrou que, em média, a taxa é de 20% no mês, atingindo até 1.000% no ano.
Ione Amorim, economista do Idec, explica que, em situações de desespero, o endividado não pensa nas consequências e só aceita o dinheiro. “As pessoas costumam contrair essa nova dívida sem nenhuma orientação. As empresas usam a publicidade para seduzir o consumidor que, muitas vezes, por falta de educação financeira, cai na conversa”, diz.
Ione orienta que antes de fechar o empréstimo, o inadimplente busque outras alternativas. “Esse ciclo precisa ser interrompido”, afirma.
Segundo Cintia Senna, educadora financeira, os endividados precisam de controle emocional para lidar com pressões de todos os lados. “Ficar com o CPF restrito não impede a pessoa de continuar com vida normal. É preciso aprender a lidar com cobranças.”
ORIENTAÇÃO
Buscar orientação financeira é a principal atitude que o inadimplente precisa para sair do ciclo de dívidas. Senna explica que resolver o endividamento é só o primeiro passo. “O caminho é longo e é necessário refletir sobre os impulsos que levaram a pessoa a gastar tanto.”
Além disso, diz ela, é preciso aprender a lidar com a sedução das compras parceladas.