Os idosos brasileiros estão adiando o sonho da aposentadoria. Recente estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que os trabalhadores da chamada “terceira idade” estão retardando a saída do mercado de trabalho. De acordo com o levantamento, os trabalhadores mais idosos correspondem ao grupo com menor participação no total da ocupação no País, mas vem crescendo ao longo do tempo, passando de 6,3% em 2012 para 7,8% em 2018.
Especialistas afirmam que a falta de planejamento financeiro e de aposentadoria são os principais responsáveis por esse novo comportamento.
Para Thiago Luchin, especialista em planejamento de aposentadoria, com a falta de um planejamento de aposentadoria, o brasileiro precisa continuar trabalhando para suprir as necessidades básicas da família. “Isto porque, seu benefício acaba sendo menor do que imagina e para completar a renda, precisa continuar no mercado de trabalho”, afirma.
O economista Erick Herbert Thau, também destaca que grande parte dos brasileiros não se organiza financeiramente e quando se aposentam, verificam que o valor da aposentadoria é insuficiente para ter uma mínima qualidade de vida.
“O brasileiro, em sua grande maioria, não controla seus gastos através de uma planilha, não sabendo qual o seu gasto mensal por tipo de categoria (gastos essenciais e gastos supérfluos). É importante saber quais gastos se pode cortar (supérfluos) numa época de crise, por exemplo, e qual a renda mínima necessária para arcar com os gastos essenciais. O fato é que existe a necessidade de se poupar, no mínimo, de 10% a 20% de sua renda mensalmente, por toda sua vida, para que no futuro, essa família (ou pessoa) tenha uma qualidade de vida digna, justamente na sua aposentadoria”, alerta.
Erick Thau garante que o consumo é um grande vilão. “Não existe fórmula mágica e matematicamente parece simples, poupar mais que gastar, mas na prática, com a propensão das pessoas em consumir, esta tarefa torna-se mais difícil. O consumo é válido, desde que seja feito de forma consciente”, pontua.
Para ter uma aposentadoria tranquila, Thiago Luchin indica como prioridade para o trabalhador se planejar para garantir que terá o benefício previdenciário mais vantajoso possível.
“Isto é viável através de um bom planejamento de aposentadoria, onde serão feitos uma infinidade de cálculos e simulações para encontrar a melhor data e adequar a renda e as contribuições futuras. Se possível, é fundamental buscar outros meios complementares, como uma aposentadoria também para esposa e outros rendimentos como previdência privada, aplicações e aluguéis”, orienta.
O especialista ressalta que um bom projeto de aposentadoria dará a certeza de tranquilidade no momento de dar entrada na aposentadoria. “Assim, o trabalhador saberá quanto irá receber de aposentadoria, adequando as despesas e rendimentos. E saberá também com precisão qual o melhor momento de encerrar a carreira profissional e desfrutar de uma aposentadoria segura”, afirma.
Já o economista Erick Thau observa que ao lado do planejamento de aposentadoria deve ser realizado um projeto financeiro durante toda a vida profissional, para garantir uma boa poupança para o futuro.
“O primeiro passo é colocar em uma planilha os gastos por tipo de categoria, dividindo em gastos essenciais (moradia, saúde, educação, despesas médicas, entre outros) e gastos supérfluos (lazer, aquisição de carro ou de outros bens, como aparelho de TV, artigos de vestuário, entre muitos outros) e saiba que sua renda tem que ser suficiente para pagar todos estes gastos. O ideal é ainda ter uma sobra de renda que deverá ser aplicada na poupança ou em algum outro investimento”, diz.
Segundo o economista, é importante que em um eventual momento de perda de renda, o trabalhador tenha esses gastos bem detalhados para realizar cortes necessários no orçamento. “Os cortes no orçamento deverão, vir num primeiro momento, nos gastos supérfluos”.
Thau garante que é essencial que todo mês o trabalhador e sua família poupem de 10% a 20% de sua renda mensal. “Ou seja, se essa família tem uma renda de R$5.000,00, a mesma deverá poupar no mínimo R$500,00 por mês (10%) e o ideal seria (20%), portanto, R$1.000,00. Atualmente, com a melhor condição de saúde que uma pessoa chega na velhice, não se tem uma recomendação para encerrar a carreira. Se a pessoa estiver bem de saúde, a recomendação é que continue ativa e trabalhando, pois desta forma, irá melhorar sua qualidade de vida quando chegar o momento de realmente parar, quando o corpo não aguentar mais e o trabalho passar a comprometer a saúde daquele indivíduo”, avalia.
O economista também recomenda que o trabalhador, além de contribuir com o INSS, realize outros investimentos. “Para pessoas que não entendem de aplicações financeiras e que não irão acompanhar de perto tais aplicações, a sugestão é a previdência privada. No entanto, para pessoas que possuem ou pretendem ampliar seus conhecimentos sobre os mais diversos tipos de aplicação, o investimento poderá se dar em diversas outras aplicações que possuem uma rentabilidade maior que a verificada na previdência privada, como Tesouro direto, fundos de renda fixa e até mesmo em ações, ressaltando no entanto, que estas aplicações exigem um acompanhamento mais de perto”, conclui.