Na primeira entrevista exclusiva aos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) desde que assumiu o governo, o presidente Michel Temer afirmou que manifestações negativas, como a que ocorreu no 1º de maio, quando prestou solidariedade às vítimas do incêndio em São Paulo, não interferem em decisões que pretende tomar.
Na ocasião, houve agressões verbais contra o presidente. “Eu achei que seria falta de autoridade eu não comparecer [ao local onde o prédio desabou]. Lamento, mas tenho de enfrentar”, disse.
Questionado se a reação negativa de alguns presentes não afetaria sua intenção de disputar as eleições de outubro, o presidente foi claro: “Não seria este fato que me faria desistir da reeleição”. Temer acrescentou que tem até julho para decidir.
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Temer afirmou que as três grandes reformas do governo foram a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto de Gastos, do ensino médio e a trabalhista.
Em uma hora de conversa, ele ressaltou: a Reforma da Previdência saiu temporariamente da pauta legislativa, mas não política. Temer afirmou que a Previdência é tema obrigatório das eleições de outubro e não há como escapar.
“Não haverá candidato a presidente, candidato a senador, candidato a governador, candidato a deputado federal que não tenha que dizer publicamente o que ele pensa a respeito da reforma da Previdência”, disse Temer.
O presidente defendeu que a reforma da Previdência é fundamental, pois o déficit da área é de cerca de R$180 bilhões, impossibilitando o controle por muito tempo mais.
LAVA JATO
Em relação a Lava Jato, o presidente disse que a operação é uma indicação que há autonomia e independência entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
“Eles [os Poderes] hoje funcionam com toda tranquilidade. Não há impedimento ao exercício de nenhum Poder”, afirmou. Ele lembrou que a Constituição tem de ser respeitada para manter a organização da sociedade.
Temer também destacou a atuação do Ministério Público que, como instituição, não se politizou. “O Ministério Público está exercendo o seu papel”, disse. “Eu quero dizer que a instituição não se politizou”, acrescentou.
Em seguida, Temer disse que: “O Ministério Público tem as prerrogativas porque tem autonomia funcional que significa que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário não podem se intrometer nas questões internas do Ministério Público”.
ESTRATÉGIAS PARA GERAÇÃO DE EMPREGO
Desde que assumiu o governo, o presidente Michel Temer detalhou algumas estratégias que serão adotadas para geração de emprego e melhoria da área social.
Ainda este mês, ele disse que o governo deve autorizar o uso dos lucros dos empréstimos da Caixa Econômica Federal para construção de 150 mil casas populares e para repasses a prefeituras por meio do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), como garantia para obtenção de novos empréstimos.
Temer afirmou que a medida vai gerar emprego, por meio da construção civil, e renda. Atento aos números do desemprego no país, o presidente desabafou: “A melhor maneira de fazer um grande governo, de natureza social, é precisamente o combate ao desemprego”.
SISTEMA DE INDICAÇÃO NO STF
Em meio às polêmicas e a falta de consenso sobre determinados temas entre os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente sugeriu que se retome a discussão sobre a formação e indicação de nomes para compor a Corte.
Quando participou da Constituinte, Temer defendeu a proposta de um total de nove ministros – três sugestões de cada um dos Poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo) – com mandatos de 12 anos e possibilidade de renovação.
“É um modelo saudável, porque contempla os Poderes do Estado. Acho que seria útil.” Pela Constituição, apenas o presidente da República indica os integrantes da Corte e o cargo é vitalício até 75 anos.
O presidente recebeu a equipe da EBC na biblioteca do Palácio da Alvorada. A íntegra da entrevista poderá ser acessada na Agência Brasil e nos demais veículos da EBC.
Fonte: Agência Brasil