A verdadeira coragem não está no mundo abstrato da teoria. Aquele que entra em conflito com o próximo em nome do amor à humanidade não é um indivíduo realmente corajoso. O verdadeiro amor à humanidade deve começar pelos atos concretos de bondade para com as pessoas que estão ao redor. Somente quem ajuda de modo objetivo o próximo é realmente corajoso.
O verdadeiro corajoso é aquele que, para alcançar o seu ideal, não se abala diante de infortúnios ou privações temporárias. Quem vacila pensando em vantagens ou desvantagens momentâneas não é uma pessoa realmente corajosa.
O verdadeiro corajoso é aquele que não se deixa tentar pelos prazeres dos sentidos. Aquele que, mesmo conhecendo a futilidade dos prazeres dos cinco sentidos, entrega sua alma a eles, não é verdadeiramente corajoso.
O verdadeiro corajoso é aquele que possui dignidade suficiente para não se sujeitar à riqueza. Quem se curva diante da riqueza é escravo dela. Um escravo não é um corajoso.
O verdadeiro corajoso não se deixa subjugar pela autoridade, nem pelas armas, nem pela violência, mantendo-se firme em seus princípios. Quem tem a verdadeira coragem permanece fiel aos seus princípios, conservando-se íntegro do começo ao fim.
O verdadeiro corajoso não se abala diante das transformações do mundo fenomênico, contemplando sempre a realidade eterna; ele não se entristece, não se lamenta e vive sempre sorridente.
O verdadeiro corajoso harmoniza-se com todas as pessoas, demonstrando a virtude da paciência; contudo, não transige com erros e sempre fala a verdade. Aquele que não consegue sustentar a verdade – e, por conseguinte, não consegue dominar o mal – não passa de um covarde. O verdadeiro corajoso não teme nem se enfurece perante o mal e, compreendendo que o mal inexiste originalmente, vê somente a Imagem Verdadeira perfeita das pessoas. Porém, isso não significa condescender com o mal. Como sabe que não existem pessoas originalmente más, aniquila implacavelmente os males do próximo e consegue transformá-lo em uma pessoa boa.
O verdadeiro corajoso não pactua com o mal, nem vacila, nem hesita. Avança quando deve avançar e recua quando é necessário recuar; cada movimento e cada ato seus são realizados no momento certo. Vacilar no momento em que deve avançar, ou desistir de uma obra quando falta o último esforço para conclui-Ia, não são atos dignos de um corajoso.
O verdadeiro corajoso leva à prática aquilo que sabe que é bom, sem descuidar dos pequenos detalhes. Quando sabe que algo é mau, sempre se afasta dele e jamais engana a si próprio.
Não é um verdadeiro corajoso aquele que, mesmo sabendo que sua ideia é boa, não consegue colocá-Ia em prática, deixando sempre para “mais tarde”. Os antigos diziam: “A velhice vem depressa, ao passo que o aprendizado é demorado”. Quem não se esforça todos os dias e não progride diariamente não é uma pessoa realmente corajosa.
Jovens, pratiquem sem negligência boas ações, ainda que pequeninas, todos os dias! Quem possui a verdadeira coragem não é negligente.
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