Dezenas de integrantes de movimentos sociais e partidos políticos se reuniram na tarde dessa quinta-feira, 15, em ato de repúdio ao assassinado da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. A manifestação foi convocada pelo partido da parlamentar e realizada em diversos municípios do país. Cartazes e rosas homenageando Marielle foram colocados na escadaria da Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF), os manifestantes pediam por justiça e gritavam o nome dela e, em seguida, respondiam: “presente!”.
“Agora, o momento é de solidariedade e aproveitar o amparo dos outros grupos, partidos e dos democratas do país inteiro que estão indignados com o que ocorreu no Rio e que de alguma forma defendiam as mesmas pautas que a Marielle. Embora ela tenha sido assassinada, essas agendas vão continuar. Porém, o mais importante é juntar as pessoas para enfrentar esse sentimento de ódio que tomou conta do Brasil e está cada vez pior”, ressaltou o presidente do PSOL em Juiz de Fora, Frederico Krepe.
A vereadora era moradora do Complexo da Maré e defensora dos direitos humanos, autora de frequentes denúncias de violações cometidas contra negros, moradores de favela, mulheres e pessoas LGBT. No dia 28 de fevereiro, Marielle foi nomeada relatora da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio responsável por monitorar a intervenção federal na Segurança Pública do estado. Dez dias depois, fez um post nas redes sociais, denunciando a violência policial em Acari e na noite dessa quarta-feira, 14, foi assassinada.
“O PSOL sempre foi contrária [a intervenção]. O governo está enxugando gelo, colocando o exército na rua para enfrentar as pessoas. A questão da violência não vai se resolver com o Exército nas ruas. Isso nunca resolveu”, ponderou Krepe. “A gente espera que as manifestações sejam cada vez maiores e demais grupos, não só de esquerda, que se indigna com o fato de pessoas sendo assassinadas devido às ideias que defende. Também esperamos organizar no Brasil inteiro uma ofensiva contra esse clima de ódio e conservadorismo que tomou conta do país de uma forma totalmente irracional, estúpida e que mata pessoas”, acrescentou.
VELÓRIO*
O corpo da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes chegaram, às 14h30, à Câmara Municipal, no centro do Rio, onde ocorre o velório. Uma multidão, ocupando toda a frente do prédio, na Cinelândia, se emocionou com a passagem do caixão.
A passagem do caixão com o corpo da vereadora, carregado por políticos do PSOL e lideranças sociais, foi intensamente aplaudida em todo o trajeto até o Salão Nobre da Câmara. O corpo da vereadora deixou local às 16h05, depois de ser velado por cerca de 1h30.
ASSASSINATO
Marielle, de 38 anos, foi assassinada com quatro tiros na cabeça, quando ia para sua casa no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, retornando de um evento do movimento no negro, na Lapa. A parlamentar viajava no banco de trás do carro quando os criminosos emparelharam com o veículo da vítima e atiraram.
O motorista Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, que dirigia o carro da vereadora, foi atingido por pelo menos três tiros na lateral das costas e também morreu na hora. Uma assessora da vereadora que também estava no veículo sobreviveu ao ataque.
ATUAÇÃO POLÍTICA
Marielle foi a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016 no Rio de Janeiro, com 46.502 votos. Nascida no Complexo da Maré, era socióloga, com mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo feito dissertação sobre o funcionamento das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) nas favelas.
Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Também coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio. Com frequência, ela fazia denúncias contra a violência policial em comunidades.
*Com informações da Agência Brasil