A vida é um todo formado pelos seguintes elementos: eu interior (pensamentos e sentimentos), eu exterior (corpo), sociedade (relações interpessoais) e cultura (valores e crenças). As relações entre os elementos são interdependentes. Se um se desequilibrar, o sistema inteiro se desequilibra.
O corpo é, talvez, o elemento mais susceptível, pois é o único que passa pelo processo de deterioração e morte, seja por envelhecimento ou por negligência de cuidados. Não se pode dizer que um dos elementos seja mais importante que o outro, mas não há como negar a necessidade do corpo para a existência de uma vida interior, com pensamentos e sentimentos, bem como de uma sociedade, na qual se desenvolvam relacionamentos interpessoais, e de uma cultura, que nos transmita valores e crenças. Sem corpo físico, não existimos.
Hoje, quando se fala em cuidar do corpo físico, logo se pensa em dietas de emagrecimento e exaustivas sessões de exercícios para modelar o corpo, mas não é disso que estamos falando. Nosso foco é a saúde.
O corpo costuma dar sinais quando algo não vai bem, mas, ante um mal-estar, a maioria das pessoas prefere dizer: “É bobagem, logo passa!”. O pior é que essa “bobagem” vai se repetindo e as pessoas continuam achando que não é nada. E isso continua até o dia em que elas se dão conta que se tornaram obesas, hipertensas, com o colesterol alto e diabéticas.
A maioria das pessoas nasce saudável, mas, na infância, adquire hábitos alimentares prejudiciais à saúde. Hoje, muitos pais não têm tempo para seus filhos e compensam isso com guloseimas de alto valor calórico e baixo valor nutricional. Além disso, a televisão e o computador ajudam as crianças a se tornarem cada vez mais sedentárias e, assim, elas vão acumulando quilos, angústias e tristezas.
A criança cresce, torna-se obesa e, na adolescência, começa a acumular frustrações, abrindo uma porta para a proliferação de doenças físicas e psíquicas, como depressão, angústia e ansiedade. Aí, ou o adolescente faz uma reeducação alimentar e começa a praticar alguma atividade física regular ou as coisas tendem a se tornar cada vez mais complicadas, pois a partir dos 30 anos o corpo começa a envelhecer e a quantidade de problemas de saúde tende a ser proporcional à qualidade de vida, principalmente da alimentação.
Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), os alimentos podem ser considerados a mais nova arma na prevenção de doenças. Nos alimentos, existem compostos químicos “causadores” e “protetores” de doenças. Gorduras saturadas, por exemplo, são alimentos causadores de doenças, uma vez que podem provocar o desenvolvimento de alguns tipos de câncer e o surgimento de hipertensão arterial, entre outros problemas. Já os peixes de água fria são alimentos protetores ou funcionais, pois sua carne é rica em ômega-3, uma substância bioativa, que ajuda a diminuir a pressão sanguínea e a controlar os níveis de colesterol e de triglicérides no sangue.
Outros alimentos funcionais são: linhaça (melhora o sistema imunológico e é precursor do ômega-3), alcachofra, chicória; alho e cebola (ajudam a reduzir o risco de diabetes, obesidade, osteoporose e câncer); cenoura, abóbora e mamão (têm ação estimulante sobre o sistema imunológico, combatem os radicais-livres e previnem o envelhecimento precoce); melancia e tomate (combatem os radicais-livres e protegem contra doenças cardiovasculares).
As informações deste artigo foram apenas um aperitivo. Agora, pesquise, informe-se e comece a modificar positivamente seu estilo de vida a partir da alimentação, sem dietas radicais.
Dr. Lair Ribeiro – Médico Cardiologista. Palestrante internacional, ex-diretor da Merck Sharp & Dohme e da Ciba-Geigy Corporation, nos Estados Unidos, e autor de vários livros que se tornaram best-sellers no Brasil e em países da América Latina e da Europa.