Em tempos de comunicação eletrônica, nunca se usou tanto a palavra escrita como atualmente. Com um comunicador à mão capaz de conectar qualquer um em tempo real, é fácil cometer deslizes com a Língua Portuguesa. É preciso redobrar os cuidados, principalmente em ambientes corporativos, que devem representar os valores da empresa e não os pessoais.

Torna-se cada vez mais útil o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), com autoridade da Academia Brasileira de Letras quanto à grafia e classificação dos vocábulos da língua portuguesa, disponível em aplicativos de celular. Faço questão de assinalar minha experiência pessoal na produção do primeiro VOLP, editado pela ABL.

Essa história remonta ao ano de 1977. Ao tomar conhecimento, pelo médico Noel Nutels, em Teresópolis, de que não havia editor interessado na obra, ofereci-me para cuidar da sua produção, em Bloch Editores, conseguindo inclusive recursos oficiais do Ministério da Educação (ministro Ney Braga) para que, em 1981, pudesse ser feita a primeira impressão, em papel bíblia alemão, com tiragem de 20 mil exemplares. Fui o coordenador desse trabalho. Anos depois, na presidência da ABL, mais precisamente em 1998, criei a Comissão de Lexicografia que propiciou a segunda edição do Vocabulário, que saiu em 1998 pela Imprensa Nacional, dando origem em 1999 à edição míni. Tive a grande e inestimável colaboração do professor Antonio José Chediak, por mim convidado para esse trabalho.

Quanto ao Dicionário da ABL, elaborado por Antenor Nascentes, foi revivido, sob minha coordenação, em 1988, também em Bloch Editores, por iniciativa dos acadêmicos Josué Montello e Austregésilo de Athayde, sempre lembrados presidentes. Autorizada a operação editorial, o dicionário foi lançado numa edição ilustrada, fazendo muito sucesso.

Tinha 72 mil verbetes. Com a necessidade da sua atualização, quando assumimos a presidência da ABL, em 1998, contratamos 23 verbetistas, sob a liderança ainda uma vez de Antonio José Chediak. Fizemos um contrato com a Companhia Editora Nacional, que financiou a obra, impressa ainda no ano 2000, para comemorar os 75 anos de uma das maiores e mais tradicionais casas do livro do nosso país. Teria 140 mil verbetes e seria certamente o mais atualizado de todos os dicionários brasileiros, com uma equipe de que fazia parte o hoje acadêmico Evanildo Bechara, figura destacada da nossa Comissão de Lexicogragfia e Lexicologia.

Penso, desta forma, ter dado uma boa noção do envolvimento da ABL e, particularmente do seu ex-presidente, na missão de salvaguarda da língua portuguesa, que é a principal obrigação da Casa de Machado de Assis.

A que se deve incorporar, com justiça, o trabalho feito em 1999 de lançamento do Vocabulário Onomástico da Língua Portuguesa, na sua primeira edição. Em dois anos, praticamente, colocamos a serviço do povo brasileiro todos os instrumentos a que se refere a Lei no 5.765, de 18 de dezembro de 1971, e que permanecia como letra morta de um parecer conjunto da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa (Convenção Ortográfica).

 


 Arnaldo Niskier da Academia Brasileira de Letras, Presidente do CIEE/RJ e Doutor Honoris Causa da Unama.

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