Especialista esclarece que os macacos também são vítimas da febre amarela

O aumento no número de casos de febre amarela no país causa medo e dúvidas na população. Com isso, além de serem infectados pela doença, os macacos se tornam alvos também das pessoas que, desinformadas, ameaçam a integridade física dos primatas. Entretanto, é preciso esclarecer: assim como os humanos, eles também são vítimas do vírus da febre amarela.

A bióloga Caroline do Vale explica que o macaco é um hospedeiro amplificador, que não retém o vírus da doença em seu corpo, diferentemente dos vetores. “Quando o macaco contrai a doença, ele morre ou se cura, cria anticorpos e não contrai mais a doença. Geralmente, a morte ocorre entre o terceiro e o sétimo dia, então não daria tempo de ele manter o vírus em seu corpo e disseminar em outras pessoas. Ao contrário dos mosquitos, que além de serem os vetores da febre amarela, uma vez infectados, permanecem com o vírus o resto da vida”, explica.
Ela também reforça que os primatas não transmitem a doença. “As pessoas os agridem achando que eles transmitem, mas, na verdade, são os mosquitos infectados que propagam o vírus”, diz. Caroline adverte sobre as consequências para quem realiza a matança dos animais. “É importante salientar que matar animais silvestres é considerado crime ambiental, cabível de denúncias e medidas penais”, alerta.

Caroline lembra a importância dos animais no processo de detecção da doença. “Eles precisam ser preservados, pois são os macacos que alertam as autoridades de saúde sobre as regiões em que o vírus circula, mobilizando a criação de campanhas vacinais para impedir que a febre amarela faça mais vítimas”, diz. “Os bichos já enfrentam diversos problemas para sobreviver, desmatamento, poluição e a febre amarela. A quantidade de pessoas que morrem não chega nem perto dos índices dos primatas. A agressão é mais um desafio que a espécie enfrenta para sobreviver”, conclui.

A Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) instrui a população a acionar a zoonose do município no caso do achado de macaco doente ou morto, para que as devidas providências possam ser tomadas. A partir da denúncia, o profissional das zoonoses acionado verificará se o animal morto apresenta condições de coleta e envio para exames laboratoriais.

 




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