Um ano depois da queda do avião, no mar em Paraty, no sul do Rio de Janeiro, que matou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, as causas do acidente ainda estão sob investigação.
Foram abertas três frentes de investigação – da Força Aérea Brasileira (FAB), do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF). O relatório final de investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB), será divulgado na próxima segunda-feira (22), em Brasília.
O documento será apresentado pelo chefe do centro, brigadeiro Frederico Alberto Marcondes Felipe, e pelo investigador encarregado, coronel Marcelo Moreno.
Em geral, as investigações do Cenipa apontam fatores que contribuíram para o acidente e o que fazer para evitar novos casos. “O Cenipa é o órgão da Força Aérea Brasileira que investiga, não julga. Não é um órgão de investigação penal. É um órgão técnico, que tem como função encontrar causas do acidente, inclusive para reduzir a possibilidade de acidentes futuros. O relatório da Polícia Federal é mais relacionado a aspectos jurídicos penais de investigação”, disse o ministro da Defesa, Raul Jungmann.
No último dia 10, a Polícia Federal informou que sua principal linha de investigação aponta para falha humana nas manobras de aproximação da aeronave da pista de pouso em Paraty. A investigação ainda não foi concluída.
De acordo com o coronel, o trabalho conjunto com a Marinha para a flutuação dos restos do avião permitiu que as partes fossem preservadas para as investigações sobre as causas do acidente. “Nós tivemos a preocupação de onde cortar [a fuselagem] e evitar o máximo de dano do que a aeronave já tinha tido. Tivemos sempre este cuidado”.
Apesar de ter atuado em diversos salvamentos e buscas de grande número de vítimas nos mais de 20 anos na corporação, Sarmento conta que o resgate foi um marco em sua carreira e a responsabilidade era grande por causa da posição ocupada por Teori naquele momento no país. “Como brasileiro e com o objetivo de cumprir a missão, me senti muito honrado em poder participar desta missão e ter tido a oportunidade de dar à família [a condição de] poder enterrar o seu ente querido”.
O jornalista e presidente da Associação Comercial de Paraty, Anderson Terra, foi um dos primeiros a noticiar a queda de um avião na região. Assim que soube do acidente, pegou uma embarcação no cais e seguiu para um local próximo da queda. Até então, não sabia quem estava no bimotor.
Terra chegou a publicar um vídeo da chegada da equipe da Capitania dos Portos ao local para a rede de comunicação britânica BBC, uma das mais importantes do mundo.
“Da área em que ocorreu o acidente até o cais leva menos de 10 minutos e a propagação do acidente foi muito rápida. Aí, peguei a embarcação no cais e fui ver. Chegando lá é que fui informado que era o Teori Zavascki, porque até, então, sabia apenas da aeronave que a gente conhecia”, disse. “Fiquei até mais tarde lá e eles [equipes de resgate] começaram a isolar a área e só ficou a minha embarcação no local”, acrescentou.
Anderson Terra relata que a dificuldade inicial de quem se juntou para tentar ajudar no resgate era a falta de um equipamento para romper a escotilha do avião e passar um tubo que permitiria a única passageira, que ainda estava viva após queda, pudesse respirar. “Ela morreu provavelmente por asfixia ou por afogamento, porque começou a entrar água na aeronave. Foi um momento de agonia também das pessoas que tentavam resgatar. Muitas pessoas presenciaram”.
O ministro Jungmann, relembra que estava em Dourados, no Mato Grosso do Sul, quando recebeu a notícia, ao lado dos comandantes militares para apresentação do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron). Segundo o ministro, ele fez um telefonema para informar o presidente Michel Temer sobre a queda do avião.
A partir daí, todos voltaram para Brasília e profissionais do Cenipa foram mandados a Paraty para iniciarem a investigação técnica.
O ministro disse que a notícia foi um choque. “Choque porque o Teori tinha nas suas mãos algumas das decisões mais importantes da vida política e, obviamente, como relator da Lava Jato era uma peça central em todo esse processo que todo o Brasil acompanha. Além de ser uma pessoa, que comigo, sempre foi muito gentil”, disse.
Jungmann destaca que Teori estava lidando com “serenidade e a imparcialidade” a tarefa. “Ele passava tudo isso, a serenidade tão necessária em um processo que mexia com os nervos não só de políticos como de todo o país”.
Fonte: Agência Brasil