Bolsistas da Fapemig reclamam de atraso no pagamento de dezembro

Bolsistas de pós-graduação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) ainda não receberam o pagamento do benefício relativo ao mês de dezembro. Conforme os relatos, o atraso no repasse, que geralmente é pago no quinto dia útil de cada mês, vem ocorrendo desde outubro do ano passado, acarretando transtornos para os alunos que dependem do recurso para custear as despesas pessoais. A instituição afirma que ainda não recebeu a verba destinada pelo governo estadual para regularizar a situação.

Uma doutoranda em química pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), que não quis se identificar, explicou que precisou procurar outros meios para saldar as contas. “Por conta do problema, todas as contas de casa atrasaram. Tive que me virar para pagar a matrícula escolar de meu filho e a prestação de minha residência. É uma situação complicada que parece estar longe de se normalizar”, diz.

Além das contas pessoais, a estudante, que recebe o pagamento mensal no valor de R$2,2 mil, revela que também utiliza o dinheiro para dar andamento na sua pesquisa. Entretanto, ela teme que a não regularização comprometa os estudos. “Uma vez por mês me desloco para a cidade de Congonhas, onde realizo parte da minha pesquisa. Porém, a cada viagem, gasto cerca de R$200 que é retirado do valor que recebo, mas, nos últimos meses, a pesquisa se tornou uma incerteza em razão do atraso no pagamento”, ressalta.

A pós-graduanda também afirma que a única forma de contato dos alunos com a Fapemig é por e-mail, mas a falta de precisão nas respostas dificulta a comunicação. “O principal agravante neste mês foi o desencontro das informações. Primeiro, a fundação nos deu a resposta de que haviam repassado o dinheiro, mas depois, após consulta, informaram que o estado não havia disponibilizado o recurso. Quem tem nos ajudado é a Associação de Pós-Graduandos da UFJF (APG/UFJF), que cobra da instituição”, reforça.

A vice-coordenadora da APG/UFJF, Astrid Sarmento Cosac, explica que, geralmente, para poder receber a bolsa da Fapemig, o pesquisador não pode ter nenhum vínculo empregatício, fator que elucida ainda mais a importância do recurso. “O pagamento da bolsa visa garantir que os alunos se dediquem totalmente aos estudos. Para a maioria, a única fonte de renda é esse dinheiro, que é destinado para suas necessidades básicas. Afinal, eles precisam comer, pagar aluguel e outras despesas. Em Juiz de Fora, temos pessoas que vêm da Bahia, Mato Grosso, que se mantêm aqui com esse dinheiro”, acrescenta.

De acordo com Astrid, o impasse está longe de ser resolvido, uma vez que a Fapemig, em resposta à associação, confirmou que não tem previsão para pagar a bolsa. Procurada, a assessoria da UFJF reiterou que a Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Fadepe), responsável pelos pagamentos, ainda não recebeu os recursos da fundação.

Em nota à reportagem, a Fapemig informou que o orçamento para pagamento das mensalidades de bolsas é vinculado ao estado e os recursos são repassados pela Secretaria Estadual de Fazenda no início de cada mês. A instituição também reitera que “em função da crise financeira do estado, o repasse para pagamento das mensalidades referentes ao mês de novembro (que normalmente seriam pagas até o 5º dia útil de dezembro) ainda não aconteceu. Estamos em contato com a referida Secretaria na expectativa de receber os recursos o mais breve possível. Ressaltamos, ainda, que apesar dos atrasos, resultado da situação de crise financeira, não existem pendências de pagamento relacionadas a meses anteriores”.




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