O porta-voz da Marinha Argentina, capitão de navio Enrique Balbi, afirmou nessa quinta-feira, 23, que recebeu a comunicação de que “houve um evento anômalo, singular, curto, violento e não nuclear, consistente com uma explosão” horas após a desaparição do submarino ARA San Juan e na mesma região em que ele se encontrava.
O submarino desapareceu no último dia 15, com 44 pessoas a bordo. Uma megaoperação internacional continua buscando a embarcação, que manteve seu ultimo contato há oito dias. Mas as esperanças de encontrar alguém com vida são menores.
Nessa quarta-feira, 22, à noite, Balbi informou que uma “anomalia hidroacústica” tinha sido registrada três horas após o submarino ARA San Jose ter se comunicado com a base, pela ultima vez, às 7h30 de quarta-feira da semana passada, 15.
Navios e aviões foram enviados para investigar a origem do barulho, 30 milhas ao norte do local onde o submarino estava.
Itati Leguizamon, esposa de um dos tripulantes, recebeu a notícia com raiva e indignação. “Estão quebrando tudo lá dentro”, disse, referindo-se ao local onde estavam reunidos os parentes dos 43 homens e a mulher que embarcaram no submarino. Ela criticou a falta de investimento público nas Forças Armadas e na renovação de equipamento. O submarino ARA San Juan foi construído na Alemanha em 1980 e recondicionado em 2014.
Segundo Balbi, essa informação só pode ser liberada oito dias após o ruído ter sido produzido porque estavam comparando informações. Encontrar submarinos é difícil, porque são construídos para não serem detectados, e o mar não é um lugar silencioso, o que dificulta a busca – feita com sonares e radares.
ANÁLISE DO RUÍDO
As informações analisadas partiram dos Estados Unidos e da Áustria, país sede da Organização Internacional de Energia Atômica (OIEA), criada em 1957 para promover o uso pacífico e seguro de tecnologia nuclear. Segundo o embaixador argentino em Viena, Rafael Grossi (que é especialista em assuntos nucleares), existe uma rede internacional de sensores para monitorar testes nucleares e movimentos sísmicos. O ruído foi registrado tanto pela OIEA quanto pelos Estados Unidos.
“A partir dessa análise pudemos obter informação que confirma a existência de um evento isolado, horas após o último contato do submarino com a Terra, consistente com algum tipo de explosão”, disse Balbi. Segundo ele, os sensores medem a velocidade e o movimento das ondas (da explosão) e podem determinar se foi causada por um terremoto, um teste nuclear ou um animal (baleia). Todas essas hipóteses foram descartadas, o que levou os especialistas a achar que poderia ter partido do submarino – que estava próximo daquele local, naquela hora.
Segundo o porta-voz da Marinha, o governo argentino demorou a informar sobre a explosão porque esperava a confirmação da Áustria, que chegou na manhã dessa quinta. Essa avaliação foi comparada com informação do governo norte-americano, que também tinham captado um ruído. “Esse evento coincide com a informação que recebemos ontem dos Estados Unidos, que centralizaram a análise”, disse.
As buscas pelo submarino continuam. “Seis unidades estão varrendo a região para localizar o submarino. Até não ter certezas ou outros indícios, continuaremos com o esforço de busca. Não podemos fazer uma afirmação contundente”, completou Balbi.
Fonte: Agência Brasil