Juiz de Fora é uma das dez cidades contempladas pelo projeto Ruas Completas, promovido pela ONG WRI Brasil em parceria com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP). O Ruas Completas visa auxiliar os municípios a realizar intervenções urbanísticas que melhoram o ambiente viário e tornar mais segura a convivência entre pedestres, ciclistas, motoristas e usuários do transporte coletivo.
“Por mais de um século, as cidades foram construídas e o intuito de suas vias é que seja utilizada por veículos. A gente percebe que este modelo não é mais sustentável. Então, o Ruas Completas nasceu para mostrar as pessoas que as cidades devem ser construídas para as pessoas e não para os veículos”, esclareceu a coordenadora de Mobilidade Ativa na WRI Brasil, Paula Manoela dos Santos.
Um dos maiores pilares do projeto é tornar as vias públicas mais democráticas. “A gente entende que para reverter essa situação é necessário reformular a maneira de desenhar a cidade. É preciso redistribuir o espaço das vias e dedicar mais dele para os pedestres, ciclistas, transporte coletivo”, reforçou Paula.
O WRI Brasil oferece apoio técnico gratuito às prefeituras, tanto na identificação de formas de financiamento como no projeto urbanístico e execução da obra, além de oficinas de trabalho para o engajamento da sociedade civil. “Nossa equipe é formada por engenheiros e arquitetos, porém a parceria com a Frente de Prefeitos é importante, pois assim há o engajamento político para conseguir realizar os projetos”, disse.
O projeto iniciou este ano nas dez cidades. Além de Juiz de Fora, Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB), Campinas (SP), Joinville (SC) e o Distrito Federal desenvolvem o Ruas Completas e também fazem parte da Rede Nacional para a Mobilidade de Baixo Carbono.
“Nós estamos inserindo o conceito de Ruas Completas neste momento, mas podemos citar como exemplo a Avenida Paraná, em Belo Horizonte. Ela tinha muito espaço para carros e foi reformulada recentemente. Atualmente, também tem um corredor para tráfego de ônibus, ciclofaixas e calçada mais larga”, ponderou a coordenadora de Mobilidade Ativa, que afirmou que o projeto de reformulação da Avenida Paraná não está incluído no projeto, mas teve envolvimento da WRI Brasil.
JUIZ DE FORA
Em Juiz de Fora, o projeto irá atuar na implantação dos calçadões das ruas Marechal Deodoro e Batista de Oliveira. “Nós percebemos que o município tem o interesse de se tornar uma cidade mais ‘caminhada’. Juiz de Fora foi escolhida devido ao seu comprometimento em transformar o modelo de cidade já implantado”, frisou Paula.
De acordo com a coordenadora de Mobilidade Ativa, Juiz de Fora se destacou também devido ao interesse da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “A instituição propôs a criação de uma disciplina, veiculada a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Isso é um grande avanço, pois é importante que as pessoas que projetam as cidades, arquitetos e engenheiros, aprendam esse conteúdo na faculdade”, afirmou.
De acordo com a Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), como o programa é multidisciplinar, não é apenas focado no trânsito, outras secretarias estarão envolvidas no projeto. “Nossa avaliação é positiva já que o programa busca favorecer a humanização da cidade, melhorando a acessibilidade, a segurança da via, incentivando modos saudáveis de deslocamento com qualidade ambiental e sustentável, ou seja, conceitos para melhorar a qualidade de vida da cidade. A administração resolveu aderir a este projeto, que tem características similares aos desejos desta gestão. Principalmente visando incentivar as ações que priorizem pedestres e ciclistas”, informou por meio de nota a Secretaria, que também afirmou que a cidade foi convidada para participar do projeto pela ONG e pela Frente Nacional de Prefeitos.
A Settra também informou que já foi realizado um workshop com a WRI para apresentação dos conceitos trabalhados. “Junto foi realizada uma visita a campo para elaboração do diagnóstico e em seguida uma reunião para discussão das propostas e elaboração do projeto”, disse o comunicado, que também informou que o projeto deve durar cerca de um ano.
“O município vai se beneficiar quando os governantes e as pessoas que desenham as cidades passarem a priorizar as pessoas acima dos veículos. À medida que Juiz de Fora implementar a primeira rua completa, isso vai servir de modelo para as pessoas. E quando elas perceberem que este modelo é melhor, o governo vai começar a aplicá-lo efetivamente. Assim que a gente tiver uma rede de ruas completas na cidade a população começa a sentir os benefícios”, finalizou a coordenadora de Mobilidade Ativa na WRI Brasil, Paula Manoela dos Santos.