Eleita para um quarto mandato nas eleições desse domingo, 24, na Alemanha, a chanceler Angela Merkel precisará negociar com os liberais do Partido Democrático Liberal (FDP), que teve 10,6% dos votos e o partido ecologista Os Verdes (Die Grünen), 8,9% dos votos, para tentar formar uma coligação que lhe permita governar com uma certa tranquilidade.
Isto porque a chanceler alemã recebeu 33% dos votos, menos do que esperava e bem menos do que os 41,5% conquistados há quatro anos. Em segundo lugar, com 20,5%, ficou o Partido Social-Democrata (SPD), de Martin Schulz, que também concorreu ao cargo de chanceler e já declarou que será oposição.
Mas a grande surpresa foram os 12,6% dos votos recebidos pelo AfD – Alternativa para a Alemanha, o primeiro partido de ultra direita a entrar no Bundestag, o Parlamento alemão, desde o fim da Segunda Guerra. O AfD, que também será oposição, passa a estar representado em todas as comissões parlamentares, incluindo a de serviços secretos, e passa a receber financiamento público.
Partido de ideologia anti-imigração e anti-islâmico, o AfD defende o controle rigoroso das fronteiras, a deportação imediata dos imigrantes que tiveram pedido de asilo negado e a proibição do uso da burca (vestimenta islâmica) no país. Descontente com a política de portas abertas aos refugiados de Merkel, o partido conquistou muitos eleitores ao defender princípios nacionalistas.
Neste contexto, com a oposição dos sociais democratas e do AfD, restará a Merkel formar a coligação que já está sendo apelidada de “Jamaica”, devido as cores dos partidos que a integram (preto: CDU, amarelo: FDP e verde: Os Verdes) e que formam as mesmas cores da bandeira jamaicana.
DIFERENÇAS IDEOLÓGICAS
Apesar de a Alemanha ser um país habituado a coligações, uma composição deste tipo nunca aconteceu. Além disso, caso seja feita a coligação, será necessário muito entendimento para equilibrar as diferenças ideológicas de cada partido.
Segundo a empresa pública de comunicação Deutsche Welle (DW), Angela Merkel afirmou nessa segunda-feira, 25, que a forte votação na extrema-direita não vai influenciar sua política externa, europeia ou de refugiados. “Os partidos que são capazes de formar coligações uns com os outros vão procurar soluções, porque há diferenças, naturalmente. Mas a AfD não vai ter influência”, disse.
Fonte: Agência Brasil