Moradores de Juiz de Fora reclamam do mau cheiro constante causado pela poluição do Rio Paraibuna. O longo período sem chuvas e a baixa vazão tornam ainda mais evidente o acúmulo de lixo no local. De acordo com os residentes, há cerca de 40 anos o rio tinha peixes, tinha vida. Atualmente, o local está completamente sujo e contaminado, impróprio para qualquer tipo de uso.
O aposentado Marcondes Lima Dias, de 59 anos, relata que o problema é antigo e tem se intensificado nos últimos anos. “Basta passar pelas margens do rio e você sentirá o cheiro horrível. Falta limpeza, capina nas margens, em algumas partes do rio o esgoto está a céu, e isso acarreta em prejuízo para a saúde do juiz-forano”, afirma.
Pela terceira vez, Dias protocolou uma ação no Ministério Público Federal (MPF) solicitando maior fiscalização sobre os órgãos competentes da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF). “Peço que o MPF exija postura da Prefeitura, para que ela limpe o rio, pois, daqui uns anos, não teremos mais o Paraibuna, só haverá um local com esgoto a céu aberto”, reclama o aposentado.
O diretor de Desenvolvimento e Expansão da Companhia de Saneamento Municipal (Cesama), Marcelo Mello do Amaral, explica que a empresa realiza o acompanhamento da qualidade da água e observou, que, neste período de estiagem, não está diferente de épocas parecidas. “Há mais de 25 dias estamos sem chuvas e, nas condições em que estamos não estamos muito longe do que já aconteceu em outros anos. Evidentemente, que o usuário encara a situação com certa estranheza, pois, antes, a quantidade de chuvas era maior e, consequentemente, o nível da água também era. E certo que o mau cheiro aumenta, em razão da concentração de esgoto, mas a Cesama continua monitorando e controlando a vazão”, ressalta.
Conforme Amaral, a companhia lança cerca de 100 mil litros de água limpa por segundo no leito do Paraibuna, enquanto o esgoto tratado que volta para o rio é de 900 litros por segundo. “O esgoto tratado que vai para o rio não corresponde a um por cento da água limpa que a gente lança nele, por meio da represa de Chapéu d’Uvas. Semanalmente, avaliamos a qualidade da água e quantidade que sai da barragem da represa. Na medida em que uma região da cidade começa a atingir os limites da falta de água no leito dos rios, a gente aumenta a vazão. Não é o melhor cenário, mas se a Cesama não trabalhasse desta forma na represa, teríamos um rio com esgoto bruto correndo sobre ele”, lembra.
Segundo o diretor, existe um convênio entre a companhia e Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb) para a limpeza do rio. “A equipe vem fazendo a limpeza geral da margem, colhendo o lixo, porém, no intervalo de tempo em que a equipe está limpando um local, as pessoas, infelizmente, estão sujando outro local. A limpeza é feita, no entanto, o lançamento de lixo é constante e, por mais que a gente faça campanhas de conscientização, as pessoas não se sensibilizam”, contextualiza.
NOTA DO DEMLURB
Em nota, o Demlurb informa que realiza, diariamente, limpeza nas margens do Rio Paraibuna. Uma equipe é destinada para realizar capina, roçada e recolhimento do lixo no rio. Para solicitação de limpeza em
algum trecho específico, a população pode ligar para o telefone 3690-3500.
ETE UNIÃO-INDÚSTRIA
Amaral também destaca a importância da conclusão da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) União-Indústria, na comunidade de Granjas Bethel. “A despoluição do Paraibuna está em franca evolução. A maior estação de tratamento está finalizada”, afirma. “A ETE receberá o produto coletado na região central do município, com uma vazão de até 860 litros por segundo, tratando 70% do esgoto em Juiz de Fora. Nossa expectativa é bombear esgoto para essa estação já em outubro e diminuir o lançamento no rio. Acreditamos que na mesma época do próximo ano, o Paraibuna terá muito mais qualidade que em 2017”, finaliza.