Professoras de escolas municipais reclamam da falta de merenda nas instituições

De acordo com uma reclamação feita por professoras de escolas municipais da cidade, as empresas licitadas para fornecer alimentos para as instituições não estão fazendo o repasse previsto para as 120 instituições municipais. Devido a isso, as escolas passam por dificuldades desde maio. As professoras também reclamam que, algumas vezes, os fornecedores entregam os alimentos em quantidade e qualidade inferior da prevista em licitação.

Segundo o vereador Roberto Cupolillo, Betão (PT), as escolas estão tendo que servir apenas um tipo de alimento por determinado tempo. Ele informou que a Câmara pediu um posicionamento da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA), para tentar marcar uma reunião com o secretário da pasta e resolver a situação, mas ainda não obteve resposta.

O vereador também ressaltou que tem crianças que ficam na escola em tempo integral e devem ter uma boa alimentação. “Há urgência e é importante ter alimentação nas escolas, para que, principalmente as crianças que ficam em tempo integral, se alimentem de forma satisfatória”, afirma Cupolillo.

Caso não seja resolvida a situação, as professoras alegaram que vão recorrer ao Ministério Público, afim de garantir o direito dos alunos, previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca).

Segundo a diretora da Escola Municipal Bom Pastor, Graciele Fernandes Ferreira Mattos, a instituição funciona em tempo integral, de 7h50 às 16h10, atendendo à 160 crianças de 4 a 10 anos. Desde 2014, a instituição parou de receber o pão para o café dos alunos. “Isso é uma queixa muito grande, pois, principalmente em uma escola em tempo integral, os alunos não levam merenda nenhuma. A regra é que a prefeitura ofereça tudo. Com a retirada do pão, os alunos têm comido o mesmo biscoito todos os dias”, afirma a diretora.

Outra consequência é que muitas crianças não estão querendo tomar o café da manhã, chegando com mais apetite para o almoço, que também tem sido afetado pela falta de alimentos. “Mensalmente é feito um planejamento da merenda e é enviado, para a Secretaria de Agropecuária e Abastecimento, o que gastamos no mês. Assim, a Secretaria faz a previsão do que será mandado no próximo mês, com base do que foi gasto nos anteriores, mas o mapa não esta sendo cumprido. A Secretaria não está enviando a quantidade suficiente. Devido a isso, temos que ficar solicitando, no decorrer do mês, mais comida”, ressalta Graciele.

Para tentar resolver a situação, representantes das escolas recorreram à Câmara Municipal e ao Conselho de Alimentação Escolar, pois o assunto já estava sendo debatido na reunião de diretores com a secretária de Educação e não estava sendo resolvido.

De acordo com a diretora, em uma das reuniões, a Secretaria de Educação levou representantes da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento. Na ocasião, os mesmos informaram que haverá uma diminuição na alimentação escolar e pediram compreensão para o que será vivido no segundo semestre, alegando ter gasto, até o momento, mais de R$6 milhões, restando R$800 mil em caixa para licitar carnes, legumes e verduras. Ao ouvir os representantes da SAA, a diretora argumentou que não dá para ter compreensão. “Eu vou falar com uma criança para ela ter compreensão e não ter fome? O que se fala para uma criança que fica na escola por um longo período, sem direito a levar merenda, que a merenda, que já é pouca, vai diminuir?”, pondera Graciele. “Não tem como pensar em qualquer trabalho, em qualquer processo pedagógico de qualidade, sem a alimentação adequada”, complementa.

A diretora ainda ressaltou que, na última terça-feira e quarta-feira, as escolas receberam uma grande quantidade de alimento. “Nós, diretores, vamos ficar de olho e fiscalizando para ver como ficará a situação daqui para frente”, conclui.

A Secretaria de Agropecuária e Abastecimento (SAA) informou, por meio de nota, que foram necessárias adequações de rotina, em função do vencimento de alguns contratos, o que exigiu novas licitações, que já estão sendo realizadas. A pasta ainda informou que a distribuição está normalizada.

Sobre a qualidade dos alimentos, a Secretaria informou que a fiscalização é de responsabilidade de cada escola, que designa um servidor para avaliar os itens entregues. “Os alimentos entregues devem seguir o padrão contido no edital. Quando é identificada alguma divergência nos produtos, os responsáveis são orientados a recusar a entrega e comunicar imediatamente as secretarias de Agropecuária e Abastecimento (SAA) e Educação (SE)”, ressalta em nota. Já em relação à verba, a Secretaria disse ter recursos para empenho dos alimentos até o fim do ano letivo.




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