O ditado é certeiro: prevenir é melhor que remediar

Por mais econômico que seja o orçamento do mochileiro, não deixe de contratar um seguro de viagem antes de embarcar. O seguro é a única salvação quando acontecem imprevistos graves, como internações e fraturas – coisas que, vale ressaltar, podem rolar até com o mais experiente dos mochileiros. Vale lembrar que, para viagens aos países europeus membros do Tratado de Schengen, o seguro de viagem é obrigatório e a cobertura mínima deve ser de 30.000 euros. Empresas estrangeiras como a World Nomads e a April têm planos mais abrangentes.

VACINAS

Estar com as vacinas em dia é obrigatório para entrada em vários países da África subsaariana, do Sudeste Asiático e também para Austrália, Bahamas, Barbados, Bolívia, Costa Rica, Honduras, Panamá, República Dominicana, Cuba e vários outros destinos. O certificado da vacina contra febre amarela é um desses documentos que todo mochileiro precisa ter sempre à mão. Não deixe para se vacinar em cima da hora: a imunização deve ter ocorrido, pelo menos, dez dias antes do embarque para ser reconhecida como válida pelos oficiais de imigração. Uma vez aplicada a dose, é necessário emitir o Certificado Internacional de Vacinação e Profilaxia (CIVP), único comprovante aceito em todo o mundo. Opte por aplicar a vacina em um posto da Anvisa, onde o CIVP é feito na hora , ou leve seu comprovante de imunização até um dos locais de emissão do documento.

Além da febre amarela, outras doenças comuns aos viajantes, como tétano e viroses, podem ser evitadas com vacina, logo, certifique-se de estar com a carteirinha de vacinação sempre em dia. É importante, também, checar se a região a ser visitada é foco de alguma epidemia. A malária é endêmica na África subsaariana, que concentra 88% dos casos da doença. Não existe vacina, mas remédios para reduzir o contágio podem ser recomendados. O Subcontinente indiano registra 85% das ocorrências de febre tifoide. Duas vacinas, oferecidas em clínicas particulares, dão proteção parcial contra a doença. Evitar contato com água contaminada é essencial.

Antes de embarcar, não custa nada fazer um check-up médico e verificar se as vacinas estão em dia. Aproveite para preparar um kit de medicamentos. Leve junto com você as receitas dos remédios que só podem ser vendidos com prescrição.

PRECAUÇÕES

Outras medidas podem contribuir com a prevenção e evitar a contaminação por doenças e infecções durante as viagens. Seguem algumas dicas.

– Água contaminada é a principal fonte de viroses e doenças gastrointestinais. Em países onde o saneamento básico é precário, compre garrafas de água mineral e verifique se elas estão devidamente lacradas. Nesses lugares, evite também consumir saladas, alimentos crus, bebidas com gelo e frutas com casca.
– O álcool em gel é o melhor amigo do mochileiro. Leve sempre com você, não importa qual o seu destino. Em algumas regiões, papel higiênico é uma raridade, por isso, tenha também lenços de papel sempre à mão.
– Repelentes evitam não apenas as irritantes picadas de inseto, mas também doenças como malária, dengue e zika. Procure os concentrados, que têm mais de 20% de princípio ativo.

PARA UMA VIAGEM TRANQUILA

Além dos cuidados com a saúde, os mochileiros devem ficar atentos à seus pertences, bem como aos costumes e leis dos países de destino. Mochilão é para relaxar, mas não para vacilar!

– Nunca deixe todo o seu dinheiro no mesmo lugar. Guarde um pouco na mochila, outro tanto no tênis, e deixe uma parte na doleira.
– Leve sempre um extra para emergências, além de um cartão de crédito habilitado para compras no exterior: se tudo der errado, é ele que vai te salvar.
– Evite circular com passaporte. Guarde o documento original na sua hospedagem, protegido por um cadeado ou cofre, e ande com uma cópia, acompanhada de um documento de identidade brasileiro, como RG ou CNH.
– Deixe seu itinerário com alguém de confiança no Brasil, e informe a pessoa de qualquer alteração no roteiro. Caso algo dê errado, é importante que alguém saiba onde você está e até quando.
– Respeite as leis e os costumes locais. Em muitos países muçulmanos, o álcool só é permitido em hotéis e restaurantes turísticos. Em várias cidades da Europa, da América do Norte e da Oceania, é proibido cosumir bebida alcoólica na rua. Nos locais em que a maconha é permitida, cheque em quais lugares ela pode ser consumida e se pode ser adquirida por estrangeiros.
– Faça um esforço para se misturar aos moradores para não ser facilmente identificado como estrangeiro, considerado presa fácil em qualquer lugar do mundo.
– Em destinos turísticos, furtos são bem mais comuns que assaltos violentos. Redobre a atenção quando estiver em áreas muito movimentadas e mantenha seus pertences sempre junto de você.
– Suspeite de pessoas muito simpáticas te abordando na rua. Muitos golpes contra turistas começam assim. Em outros casos, o morador simpaticão pode querer te cobrar pela ajuda no final.
– Faça upload de fotos dos seus documentos, passagens e reservas em sites como Google Drive ou Dropbox. Assim, caso algo aconteça com os papéis, você ainda terá uma cópia dos arquivos online.

TRILHAS

O Homo Sapiens tem uma vontade atávica de sair andando por aí, a ponto de transformar esse pendor em um tipo de turismo. Os trilheiros mais experientes só precisam de um conselho: não ache que já sabe tudo e tome cuidado sempre. Para os iniciantes, a mais basicona das dicas é a mais valiosa: intercale trechos de trekking com outros meios de transporte ou inclua trilhas apenas para alguns passeios no meio da viagem. Não é seguro se aventurar em rotas muito avançadas se o condicionamento físico não for dos melhores. Até quem está acostumado a caminhar pode levar sustos, especialmente quando as condições de clima e altitude não jogam a favor.

De longas expedições a pequenas trilhas bastante acessíveis, o Brasil está cheio de boas rotas para trekking. Trilheiros experientes morrem de amores pela região do Monte Roraima, platô de 2.800 metros na fronteira com a Guiana e a Venezuela, que só pode ser visitado com guia. Menos cansativas são as caminhadas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás. Apesar de trechos íngremes, a maioria das trilhas tem menos de cinco quilômetros e pode ser desbravada sem guia. Ao final delas, há sempre uma bela cachoeira ou um riacho. Para quem está começando, uma boa é explorar as trilhas que descortinam o Rio de Janeiro de novos ângulos. A trilha até o topo do Morro Dois Irmãos, cartão-postal máximo do Leblon, começa no final do Morro o Vidigal e tem menos de dois quilômetros de extensão.

Assim termino essa série para mochileiros! Espero que os conselhos e as dicas ajudem aos viajantes desbravadores. Portanto, aos amantes de uma boa aventura, comecem a planejar a próxima ou a primeira viagem e entrem para o clube dos mochilões.




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