Hoje, vamos continuar nossa coluna de semana passada, na qual tratávamos das reformas ortográficas.
Ficou para hoje o osso: uso do hífen! O acordo perdeu uma grande oportunidade de melhorar as regras, simplificando algumas coisas. Entretanto, o que se deu na prática foi a troca de algumas regras estranhas por outras igualmente estranhas, ou seja, o conjunto de regras continua estranho!
Quando você estava quase decorando aquele absurdo de regras meramente arbitrárias, vieram outras regras arbitrárias e sem sentido para substituir, então meio que voltamos à estaca zero.
Uma das regras diz que não se usa hífen quando o 2º elemento começa com “r” ou “s”. O que deve ocorrer é a replicação do “r” ou do “s” (hiper, super e inter mantêm o hífen). Ex.: Minissaia, ultrassom, antirreligioso.
Como é possível observar, as regras só modificam palavras que têm prefixo, ou seja, não altera palavras compostas, como guarda-roupa, porta-retratos. Portanto, nada de aplicar a esta regra aqui exposta, transformando em ‘guardarroupa’ ou ‘portarretratos’. Nem pensar! Essas duas grafias estão erradas. É muito importante observar isso!
Outra regra importante e que não é tão difícil de entender trata do uso do hífen quando se têm vogais terminando o prefixo e começando o radical. Temos o seguinte:
A – se as vogais forem iguais, há hífen. Ex.: Anti-ibérico, micro-ondas.
B – se as vogais forem diferentes, não há hífen. Ex.: autoescola, autoajuda, semiaberto.
Se o prefixo termina com a mesma consoante que inicia o radical seguinte, haverá hífen. Ex.: super-revista, hiper-raquítico.
Na tabela a seguir, são apresentadas outras regras do uso do hífen, com exemplos e alguns comentários do professor Marco Antônio.
PREFIXOS OU FALSOS PREFIXOS |
REGRAS | EXEMPLOS | OBSERVAÇÕES: |
Se o segundo elemento começa com h, m, n, ou com vogais. | 1. Usa-se o hífen: se o primeiro elemento, terminado em m ou n, unir-se com as vogais ou consoantes h, m ou n. | Circum-murado; circum-navegação; pan-hispânico; pan-africano; pan-americano. |
ESSA REGRA É BEM CHATINHA, MAS AO MENOS NÃO TEM OSCILAÇÕES! |
Ex, sota, soto, vice | 2. Usa-se hífen com os prefixos: ex, sota, soto, vice. | Ex-almirante; ex-presidente; sota-piloto; soto-pôr; vice-almirante; vice-rei. |
Escreva, porém, sobrepor.GUARDE OS PREFIXOS EX E VICE, POIS SÃO MAIS COMUNS. |
Pré, pós, pró | 3. Usa-se hífen com os prefixos pré, pós, pró (tônicos e acentuados com autonomia). | Pré-escolar; pré-nupcial; pós-graduação; pós-tônico; pós-cirúrgico; pró-reitor; pró-ativo; pós-auricular. |
Se os prefixos não forem autônomos, não haverá hífen: predeterminado, pressupor, pospor, propor. ESSA DITA AUTONOMIA TEM A VER COM VOCÊ IDENTIFICAR SENTIDO NO PREFIXO SEM QUE ELE PRECISE DO RADICAL A QUEM ESTÁ GRUDADO. |
O prefixo termina em vogal ou r e b, e o segundo elemento se inicia com h. | 4. Usa-se o hífen quando o prefixo termina em r, b ou vogais e o segundo elemento começa com h. | Anti-herói; inter-hemisférico; sub-human; anti-hemorrágico; bio-histórico; super-homem; giga-hertz; poli-hidratação; geo-história. |
A) Mas as grafias consagradas serão mantidas: reidratar, desumano, inábil, reabituar, reabilitar, reaver. B) Se houver perda do som da vogal final, prefere-se não usar hífen e eliminar o h: cloridrato (cloro+hidrato), clorídrico (cloro+hídrico). |
Sufixos de origem tupi | 5. Usa-se o hífen com sufixo de origem tupi, quando a pronúncia exige distinção dos elementos. | Anajá-mirim; Ceará-mirim; capim-açu; andá-açu; amoré-guaçu. |
ESSE É O TIPO DA REGRA QUE FOI FEITA PARA NINGUÉM SABER, AFINAL COMO SABER OU DOMINAR A ORIGEM DOS SUFIXOS OU DE QUALQUER OUTRA PARTE DE UMA PALAVRA. |
Colaboração Marco Antonio “Macarrão”, professor de Língua Portuguesa, Literatura e Discursivas