O Aedes Aegypti geneticamente modificado, criado pela empresa Oxitec do Brasil, pode ser a solução para reduzir a população do mosquito. A novidade tecnológica foi apresentada na manhã dessa terça-feira, 11, no anfiteatro do Centro de Artes e Esportes Unificados Coronel Adelmir Romualdo de Oliveira (CEU), na Zona Norte. Na oportunidade, a Prefeitura de Juiz de Fora assinou o contrato para início da implantação do projeto Aedes do Bem™ na cidade, primeira do estado e segunda do Brasil a fazer uso dessa tecnologia. Também foi assinado um protocolo, que sinaliza a intenção da Oxitec em construir uma fábrica no município. O primeiro estabelecimento de produção da empresa sediado em solo brasileiro está em Piracicaba (SP).
Os Aedes do Bem™ são mosquitos machos que não picam e não transmitem doenças. Ao serem liberados, copulam com fêmeas selvagens do Aedes e seus descendentes herdam um gene autolimitante, que os leva à morte antes de se tornarem adultos funcionais. Além disso, os descendentes do Aedes do Bem™ contraem um marcador fluorescente que permite a identificação dos mesmos no laboratório. Portanto, com o rastreamento, será possível mensurar a eficácia do programa. Os mosquitos geneticamente modificados não deixam pegada ecológica, já que eles e seus descendentes morrem, não resistindo ao ecossistema.
O Prefeito Bruno Siqueira reforçou que o emprego da tecnologia auxiliará na prevenção, mas que a população precisa estar mobilizada para combater os criadouros residenciais do Aedes. “Em 2016, tivemos mais de 500 mil casos de dengue no estado de Minas Gerais. Desse total, pouco mais de 30 mil ocorrências foram em Juiz de Fora. Mais de 80% dos focos do mosquito estão nas áreas privadas. Mesmo com a inovação tecnológica, precisamos do apoio da população. Trata-se de uma ação conjunta”, ressaltou.
PRIMEIROS BAIRROS ATENDIDOS E PREVISÃO DE INÍCIO DO PROJETO
O projeto será implementado, inicialmente, nos bairros que, em 2016, tiveram maior número de casos de dengue notificados. São eles: Santa Luzia (925 notificações), Monte Castelo (564 notificações) e Vila Olavo Costa (162 notificações). A previsão é que, nessas três regiões, 10 mil pessoas sejam impactadas. Segundo a Secretaria de Saúde, o projeto será expandido nos próximos anos, atingindo cerca de 50 mil habitantes.
“Para escolher os primeiros bairros atendidos também levamos em conta a geografia, condições sócio-culturais dessas localidades e dados do Levantamento de Índice de Infestação do Aedes Aegypti (Lira) em janeiro e outubro de 2015, outubro de 2016 e janeiro de 2017”, pontuou Michele Freitas, gerente do Departamento de Vigilância Epidemiológica.
O trabalho terá início com a conscientização da população sobre o projeto. Para isso, agentes de saúde da Prefeitura e da Oxitec visitarão os moradores para explicar como o mesmo funciona. Posteriormente, a intenção é que certas quantidades dos mosquitos geneticamente modificados sejam liberadas de cem em cem metros nas ruas dos bairros. A previsão, segundo a Oxitec, é que o trabalho de engajamento com a população ocorra em um período de dois a três meses, antes dos mosquitos serem soltos.
IDEIA DE IMPLANTAÇÃO DO PROJETO
No fim do ano passado, o secretário de Desenvolvimento Econômico Trabalho e Turismo, João de Matos, esteve na fábrica da Oxitec do Brasil em Piracicaba (SP). Em uma das visitas, acompanhado do subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, pôde constatar a eficiência do projeto. “Atualmente eles produzem cerca de 60 milhões de mosquitos por semana. Foi a partir desses encontros que começamos a conversar com representantes da empresa sobre a possibilidade da região Sudeste ter uma unidade de produção, já que Juiz de Fora está próxima dos grandes centros, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte”, conta o secretário.
UNIDADE DA EMPRESA NO MUNICÍPIO
“Já apresentamos todos os incentivos e possibilidades para que uma unidade da Oxitec seja instalada na cidade. Não está nada certo. Há, apenas, uma grande possibilidade de que ocorra a abertura de uma fábrica da empresa no município. Porém, Juiz de Fora já ganha com a instalação de um posto avançado”, explica João de Matos, ressaltando que, de imediato, haverá uma equipe com cerca de 30 pessoas na cidade para iniciar os trabalhos. Ele explica que as pupas (primeira fase de produção) serão transferidas de Piracicaba para Juiz de Fora e aqui se transformarão em mosquitos adultos. A instalação definitiva de uma fábrica irá depender, entre vários fatores, da demanda de produção.
A Oxitec é uma empresa subsidiária da norte-americana Intrexon Corporation e executa trabalhos na área de engenharia genética para controle de vetores e pragas que disseminam doenças e destroem culturas. O Aedes do Bem™ já foi implantado nas Ilhas Cayman e no Panamá. No Brasil, em uma das localidades de Juazeiro, na Bahia, a redução na quantidade de mosquito selvagem chegou a 99%.