Ansiar por uma vida além da morte inevitável é o ponto de partida para o nascimento da fé religiosa. Quem sente logo tal anseio diminui a voracidade com que vinha lutando pelos bens materiais, e começa a pensar: “Para que luto tanto, empurrando e sobrepujando os meus semelhantes? À frente, só a morte me espera”. Esta pessoa detém a marcha e contempla o próprio interior. Descobre ali, inequivocadamente, uma esperança pela eternidade.
Por que a expectativa pela vida eterna se aloja no corpo que, fatalmente, será destruído um dia? Por que o desejo mortal. A vida fenomênica é um palco onde os corpos mortais desempenham cada qual o seu papel, tendo a vida eterna como autor e diretor da peça. Se os corpos mortais agirem conforme a intenção do autor, eles serão excelentes atores. Mas os corpos carnais agem, por vezes, por conta própria, contrariando a intenção do autor. Neste caso eles não conseguem simbolizar a vida eterna. Sua arte é malfeita, deficiente e, por não representar a Vida, torna-se murcha. Suas iniciativas são fadadas ao insucesso. Um escritor assim produz obras medíocres. Sua saúde, por não representar a vida eterna, enfraquece e envelhece rapidamente.

A teoria do “Deus interior transcendental”
O Deus que a SEICHO-NO-IE prega é “Deus interno transcendental”. Aparentemente é uma ideia semelhante à do panteísmo, que considera oriundos de Deus todas as manifestações e todos os fenômenos existentes no Universo. No panteísmo, as leis da natureza são consideradas a expressão direta de Deus. Mas a teoria do Deus interior transcendental vai além: considera a existência de um Deus que transcende, inclusive, as leis da natureza e que vive no interior de todos os homens. O Deus interior transcendental também se manifesta nas leis da natureza, mas às vezes Ele age superando essas leis.
As leis da natureza são, por vezes, impiedosas. Podem levar à morte o homem bom que rejeitou salvar seu companheiro e manipulou com imprudência o veículo em que o levava. Pela teoria do Deus interior transcendental esse tipo de acontecimento desumano não é considerado manifestação de Deus, mas sim a projeção da mente humana presa pela ilusão. O Deus interior transcendental está, efetivamente, além de todo pensamento baseado em ilusões distorcidas. Encontra-se no mundo perfeito do Jissô. No momento em que o homem abandona a ilusão, a perfeção do Jissô passa a projetar sua imagem no mundo fenomênico.

O Milagre e o “Deus interior Transcendental”
Um homem bom é abatido a balas, no campo de batalha, quando tentava defender a pátria. Nesse acontecimento, agiu apenas a lei física da natureza, não havendo qualquer ação da lei moral. Um homem bom pula dentro da água gelada para salvar outro e acaba morrendo, depois, de pneumonia. Isto também acontece sob influência da lei física da natureza. Esta lei age indistintamente sobre todos, não importando se se trata de uma causa nobre ou não, ou de uma boa ou má pessoa. Nestes casos, as leis da natureza não representam a intenção de Deus. Elas funcionam de maneira apenas automática. Se houvesse simplesmente a influência do Deus interior transcendental, o homem escaparia ileso dos campos de batalha e não adoeceria de pneumonia ao entrar na água gelada de inverno. Isto é, aconteceriam milagres.




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