“Ser mãe é a melhor coisa do mundo”

Por nove meses, um coração bate junto ao seu. Você não o conhece, mas, é capaz de amá-lo mais que tudo. É um sentimento sem tradução. Estes nove meses parecem a eternidade para quem espera olhar para o rostinho de um filho e sentir todo aquele amor que cresceu junto enquanto ele era gerado. “Ser mãe é a melhor coisa do mundo”, é a frase que revela o sentimento.

E o que seria “A melhor coisa do mundo”? Admirar cada olhar, cada sorriso, cada pequena vitória. Estar junto. Ver o primeiro passo e o primeiro tombo, ouvir o primeiro choro e a primeira palavra. Doar-se inteiramente por um alguém que você espera nove meses para conhecer. A melhor coisa do mundo é amá-lo. E esse amor só cresce. Junto a ele, os desafios, as preocupações e o orgulho.

Que filho não tem uma grande história de puxão de orelha da mãe? E que mãe não passou madrugadas acordada esperando o filho chegar em casa com segurança? Relembramos estas e outras histórias em homenagem àquelas que nos oferecem o maior amor do mundo.

MÃE DE PRIMEIRA VIAGEM

“Minha mãe sempre disse que quando ela se casou com meu pai, a vida dela mudou 10% e os outros 90% mudaram quando eu nasci. Eu mesma descobri que a conta dela estava errada quando minha Anna Clara chegou”, conta a médica e mãe Evelyne Coimbra.

Com recordações saudosas, ela relembra quando recebeu a notícia que iria se tornar mãe. “O primeiro sentimento foi confuso. Eu queria ser mãe e estava planejando, mas aconteceu em um momento conturbado. De todo modo, foi um misto de nervosismo com uma alegria imensurável. Minha vida mudou 99% depois que ela nasceu”, conta.

Com a chegada da filha, ela conta o quão diferente se tornou a rotina e como, cada dia a filha multiplica os sentimentos de amor entre elas. “Absolutamente tudo é diferente com ela, não há contestação. Desde que eu virei mãe, até mesmo antes de ela nascer, a vida ganhou um sentido diferente. Passei a viver com ela, por ela, para ela. A melhor parte até agora é ouvir “mamãe”, e ai a falta de sono e o cansaço logo são recompensados com aquele sorriso”, ressaltou.

Evelyne, que é mãe de primeira viagem, traduz o sentimento com um trecho musical de Caetano Veloso. “Hoje eu vejo que tudo que eu achava que sabia sobre o amor não se compara ao que eu sinto pela minha filha. Cada minuto da minha vida eu dedico por ela, como uma musica já diz … Já não vivo nem morro em vão, sou mais eu porque sou você”, finaliza.

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Evelyne e Anna passam seu segundo dia das mães juntinhas. Foto: Arquivo pessoal

DIA DE FESTA

A família de Tatiana Santana Chaves é o tipo conhecido de “grande família”. Sempre juntos, viajando, muitos aniversários e muitas datas festivas, lá não tem lugar para tempo ruim, ela afirma. “Estamos sempre juntos, e com certeza é muita bagunça. Sucessivamente vamos para casa da minha mãe, somos três filhos que somam quatro netos. É uma loucura, mas é muito bom pra nós participarmos um da vida do outro e nossos filhos serem criados juntos aumentando o laço de amizade para a vida toda. É tipo uma tradição de família, minhas avós também tinham esse costume de reunir a família sempre, nem q fosse para um café dá tarde”.

Mãe em tempo integral, ela tem dois filhos, Yasmin, de dez anos e Mateus, de dois. Ela relata os desafios de ser mãe de uma criança com Síndrome de Down. “Ser mãe é descobrir cada dia uma novidade, é amar incondicionalmente cada momento. E ser mãe da Yasmin está sendo cada dia um aprendizado, pois uma criança com Down te ensina a ver o mundo com outros olhos, os olhos do coração. Ela foi a nossa primeira filha e a síndrome então, era novidade atrás de novidade. Com quatro anos ela fez uma cirurgia cardíaca e foi um momento delicado pra toda a família, mas, graças a Deus correu tudo bem. E o meu segundo filho só trás mais alegria, ver os dois tão diferentes e se amando tanto, vejo que foi a melhor coisa que fiz até para Yasmin”, ressalta.

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Tatiana com seus filhos e sua irmã Thais, que na época estava grávida de Benjamim. Foto: Jéssica Pereira

“FILHO É A MELHOR COISA QUE DEUS COLOCA EM NOSSA VIDA”

É o que diz Alcione Rodrigues de Freitas, de 59 anos, mãe de Alessandro, de 33 e Juliana, de 29. Avó de Maria Flor, de um ano e dois meses. Ela perdeu o marido em 2002, quando os filhos ainda eram adolescentes. Alcione trabalhava para uma fábrica de costuras, buscava as encomendas e fazia tudo em casa. “Criei meus filhos com muita luta. Ganhávamos pouco, eu e meu marido. Ainda assim, eles conseguiram estudar, fizeram suas faculdades e estão bem empregados”, conta.

“Fui muito feliz. Filho é a melhor coisa que Deus coloca em nossa vida”, completa a aposentada que hoje também auxilia a filha Juliana a cuidar de Maria Flor. Juliana é enfermeira e o marido também trabalha fora. Por isso, Alcione se divide entre a vida no Rio de Janeiro, onde mora atualmente, e Juiz de Fora, onde criou os filhos.

“Mesmo estando longe, faço o que posso para ajudar minha filha. Passo os dias com a Maria Flor, o que, para mim, é muito gostoso, gratificante, depois de ver meus filhos criados, poder participar tanto do crescimento da minha neta”, relata, com carinho e orgulho. “Sou muito apegada a meus filhos. Faço tudo por eles”, encerra Alcione.

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Dona Alcione auxilia a filha Juliana a cuidar da neta, Maria Flor. Ao lado esquerdo, o filho mais velho da aposentada, Alessandro. Foto: Arquivo pessoal

SAUDADE SEM FIM

A frase de Paula Chagas, mãe de Arthur, de quatro anos, e do menino Paulinho, que ficou conhecido pela luta contra a leucemia, emociona. O menino, que completaria sete anos na quinta-feira passada, dia 11, faleceu em agosto, após três anos convivendo com a doença. Este é o primeiro ano que Paula passa o dia das mães sem o filho.

“Sinto falta de não poder estar com os dois juntos. Fico triste por ele não estar aqui, mas, feliz por ele não estar mais sofrendo”, diz Paula. “Sempre lembro do Paulinho com muita saudade. A garra, a resiliência com a qual ele lidava com a leucemia nos ensinou muito”, comenta a mãe, emocionada.

Paulinho estava vencendo a doença, havia realizado um transplante de medula, que foi doada pelo irmão Arthur, e se recuperava quando foi infectado por uma herpes. Com a imunidade baixa, o menino acabou não resistindo, e faleceu. “Não tem como não questionarmos o por quê disso. Por quê ele passou por todo o sofrimento e, na reta final, não conseguiu? Mas sabemos que ele foi guerreiro e toda esta situação nos fez crescer e melhorar muito como pessoas e a valorizar mais a vida”, desabafa a mãe.

Símbolo de campanhas de doação de medula óssea e de sangue, a história de Paulinho contribuiu para aumentar os estoques e o número de doadores cadastrados em Juiz de Fora. Em homenagem pelo aniversário do menino, a família faz um apelo para que as pessoas realizem a doação. “Não custa nada doar, e você é capaz de salvar de três a quatro vidas”, reforça Paula.

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Este é o primeiro ano que Paula passa o dia das mães sem o filho. “Saudade sem fim”, desabafa a mãe. Foto: Arquivo pessoal

DO FILHO PARA A MÃE

“Eu sei que minha mãe sempre está ao meu lado”, essas são as palavras carinhosas de um filho que perdeu sua mãe há oito anos. “Minha mãe faleceu três dias antes do meu aniversário de 15 anos. Para nossa família foi muito complicada essa situação, porque ela estava só passando mal e achávamos que poderia ser uma virose algo sem tanta gravidade, mas, infelizmente o quadro se agravou e ela teve que ir para a UTI. Tivemos que nos preparar para o pior”, contou o estudante Thales Rodrigues.

“Ela ficou duas semana na UTI. Foi muito difícil, porque ela era o elo entre todas as pessoas da nossa família, e cada um de nós teve que aprender a lidar com essa dor de uma forma diferente. O que amenizou este fardo foi o apoio incondicional e união entre todos. Perdemos o que nos ligava, mas aprendemos uma nova relação que, com o passar dos anos, ficou maravilhosa”, relembra o estudante.

Mesmo sem a presença física, Thales realizou um dos maiores sonhos da mãe. “Minha mãe não teve tantas oportunidades de estudo e por isso sempre almejou isso para minha vida e da minha irmã. Esse ano conseguimos fechar um ciclo nessa nossa história, pois na minha formatura sentimos a presença dela lá comemorando que seus dois filhos estão formados. Tenho certeza que ela se orgulharia do quanto nós nos unimos e fizemos desta união nossa base de força e amor”, finaliza.

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“Eu sei que minha mãe sempre está ao meu lado”, recordações de Thales. Foto: Arquivo pessoal

*Colaboração Julia Ramiro




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