Conheci Olavo Bastos Freire (1915-2005), em 2003, quando estive em seu apartamento na Rua Santo Antônio, próximo da Rua Fernando Lobo, e lá pude ver seus equipamentos e vasta biblioteca técnica.
Natural de Leopoldina-MG, onde iniciou seus estudos. Ainda adolescente, Olavo se interessava pela eletrônica e pelo rádio. Vindo para Juiz de Fora em meados dos anos 30, exerceu inúmeras atividades trabalhando, inclusive, na secretaria de obras da prefeitura.
Trabalhou como técnico na antiga Casa do Rádio e, em 1936, quando a BBC de Londres iniciava as transmissões de televisão na Europa. Desligou-se da Casa do Rádio e abriu sua própria oficina para consertos de aparelhos eletrônicos.
Em 1941, construiu o primeiro osciloscópio, com tubo de raios catódicos, conjugado com monitor de TV em circuito fechado, no Brasil. Adquiriu depois um iconoscópio (o olho da televisão), iniciando a construção da sua câmera. Obteve, assim, a primeira imagem no monitor.
Construiu um receptor de TV com tela de três polegadas e depois o transmissor. Em 1947, conseguiu transmitir uma imagem pela TV em circuito fechado, a curta distância e, depois, uma imagem pela TV em circuito aberto, a curta distância, entre sua oficina e uma residência na Rua Marechal Deodoro.
Novos equipamentos foram sendo comprados e construídos por ele mesmo culminando numa data histórica: o dia 28 de setembro de 1948, quando aconteceu a primeira transmissão e demonstração oficial de televisão totalmente eletrônica e em circuito aberto na América Latina, com a presença do então prefeito Dilermando Cruz e do general Demerval Peixoto, entre outras autoridades e convidados, com imagens sendo geradas no primeiro andar do Edifício Clube Juiz de Fora (um flagrante da Rua Halfeld) e recebidas por um aparelho receptor na Casa do Rádio, na Avenida Getúlio Vargas.
Mas, não parou nisso. Em 21 de maio de 1950, ele transmitiu pela primeira vez no Brasil uma partida de futebol. Foi do estádio do Tupi, em Santa Terezinha, para uma galeria da Rua Halfeld. O jogo foi entre as equipes do Tupi e do Bangu, do Rio de Janeiro.
Os equipamentos pioneiros de Olavo Bastos Freire (alguns ainda funcionando) foram doados para a Funalfa e lá se encontram.
Quando eu estava na direção da Biblioteca Municipal Murilo Mendes, cheguei a organizar uma exposição em sua homenagem, com o apoio do amigo Nilo Campos, da Divisão de Memória da Funalfa.