A comunidade do bairro Benfica, zona Norte, se reuniu nessa quarta-feira, 22, para encontrar uma solução para a situação da Casa de Acolhimento Estância Juvenil, que funciona no bairro desde dezembro e acolhe cerca de doze jovens, entre 14 e 18 anos. Os abrigados são adolescentes em situação de vulnerabilidade, que foram vítimas de negligência familiar, violência sexual, física e psicológica ou doméstica.
O encontro foi promovido pela Associação de Moradores do Bairro Benfica com o intuito de discutir a situação dos jovens acolhidos que estariam envolvidos com ameaças aos moradores e comerciantes, intimidações para consumo de álcool e drogas, furtos, além de passarem boa parte do tempo ociosos. “Durante a conversa, houve inclusive a sugestão de atividades extras curriculares, como as visitas ao grêmio estudantil de escolas públicas, promovendo o contato com outros jovens, visando integrar esses meninos para que eles tenham menos tempo ociosos e possam de fato, ser acolhidos”, destacou a presidente da Associação, Aline Junqueira.
De acordo com ela a reunião foi o primeiro contato da comunidade com todos os autores envolvidos. “A população ficou incomodada porque a Casa foi instalada aqui sem qualquer consulta ou conversa com a comunidade, simplesmente de um dia para o outro. Por isso, começou a surgir problemas”, comentou, reforçando que o objetivo da conferência não é expulsar os jovens da residência, muito menos tirar a casa de Benfica. “A comunidade deseja que os adolescentes sejam realmente cuidados, por isso, montamos a comissão”, ressaltou.
Aline salientou, ainda, que a população local reconhece que os menores não são infratores, mas estão em condições de vulnerabilidade porque foram afastados da família. “Eles são retirados das famílias, por terem seus direitos violados. São crianças, adolescentes que já sofreram muita violência, e estão sob a tutela do Estado para garantir que eles não sofram mais”, ressaltou. “Se eles ficam nas ruas, expostos a outras pessoas, sendo aliciados para o crime, mendigando, consumindo drogas, significa que o acolhimento não está sendo realizado”, completou.
Estiveram presentes na reunião representantes da Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac), administradora do espaço, da Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), vara da infância e da juventude, membros da Polícia Militar, comissão de Direitos Humanos e Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente, Conselho Tutelar e vereadores, respectivamente. Uma nova reunião será agendada para que tanto a comunidade, quanto o poder publico, ofereça aquilo que os adolescentes precisam de verdade.
POSICIONAMENTO DO PODER PÚBLICO
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), comunicou que a instituição do Bairro Benfica não atende a jovens infratores. As Casas funcionam 24 horas por dia e oferecem acolhimento institucional em caráter provisório e excepcional para crianças e adolescentes entre 0 e 18 anos de idade, encaminhados pelo conselho tutelar e Vara da Infância, devido terem seus direitos violados. A SDS reforça, ainda, que durante a estadia, é garantido e incentivado o desenvolvimento social, escolar, psíquico, esportivo e cultural, bem como o acesso a cuidados com a saúde. A morada conta com uma equipe técnica com pedagogo, assistente social e psicólogo, coordenação, educadores sociais, serviços gerais e cozinheira, além de realizar um trabalho com a família de origem com o objetivo de reinserção familiar.
Conforme a SDS, a PM também constatou que as reclamações feitas pelos moradores durante a reunião não caracterizam atos infracionários. O Conselho Tutelar e a Vara da Infância e da Juventude fazem vistorias regulares ao espaço, inclusive de surpresa, que confirmam que a casa está funcionando de maneira segura e correta.