Ao contrário de suas outras produções com temáticas mais pesadas e “problematizadoras”, Fatih Akın, roteirista e produtor alemão de ascendência turca, traz na ficção “Soul Kitchen” (de 2009) a história de Zinos Kazantsakis (Adam Bousdoukos), proprietário de um restaurante que terá que enfrentar a insatisfação dos clientes com o novo chef do estabelecimento e a mudança inesperada de Nadine (Pheline Roggan), sua namorada, para Xangai.
Vencedor do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Veneza, o filme é um dos oito longas-metragens que integram a programação da mostra de cinema alemão Kinofrei, uma iniciativa do Werther Institut. Marcando a estreia deste ano do projeto, a produção será exibida na sexta-feira, 31, às 19h30, no Anfiteatro João Carriço (Avenida Barão do Rio Branco, 2.234, Parque Halfeld – Centro), com entrada gratuita. Todas as produções serão exibidas no idioma original, com legendas em português, sempre no mesmo local e horário.
Como pano de fundo, a obra de estreia da mostra traz, na figura do comerciante Zinos, um grego que faz parte de uma grande comunidade estrangeira na Alemanha. Trata-se de um tema mais leve e que revela a versatilidade de Fatih Akın, que também dirigiu a icônica obra “Contra parede” (2004), vencedora de 11 prêmios dos cinemas europeu e alemão. Nesse sentido, o Kinofrei tenta emplacar no circuito de cinema alternativo de Juiz de Fora produções cinematográficas que, na maioria das vezes, não conseguem espaço nas salas comerciais de cinema.
“Todos os cineastas com seus respectivos filmes que integram a mostra representam bem o que vem sendo produzido atualmente no cinema alemão, sobretudo Fatih Akın. Escolhemos filmes dele para abrir e fechar a mostra deste semestre”, explica Gercélia Mendes, coordenadora do projeto, ressaltando que a última produção a ser exibida será “Auf der anderen seite” (Do outro lado), de 2006. Na produção, um homem não aprova o relacionamento de seu pai (viúvo) com uma prostituta. Após a morte repentina da companheira de seu pai, o jovem decide procurar a filha deles que se tornou ativista política.
Como outro exemplo da pluralidade de temáticas da mostra, em “Fack Ju Göthe” (Dane-se Goethe), segundo filme da programação, o cineasta Bora Dagtekin trata da relação dos alemães com seus grandes escritores. “O título [original da obra] é uma crítica ao fato das crianças alemãs não saberem escrever o nome de Goethe [renomado escritor alemão]. Elas não o conhecem e também não conhecem o inglês que julgam saber falar. A obra trata da crise estabelecida entre uma nova geração de crianças que lida bem com o universo da internet, mas desaprendeu um pouco a escrever e reconhecer aquilo que deveria ser comum pra elas”, explica Gercélia.
“As nossas propostas são contribuir para o cenário cinematográfico, divulgar a língua e cultura alemãs e se posicionar no mercado como uma alternativa ao cinema comercial”, finaliza. Logo, do drama à comédia, grandes produções, que raramente serão encontradas nas locadoras, engrossam a lista de uma outra via de acesso à reflexão e ao entretenimento que o cinema pode proporcionar. Há vida próspera para além dos enlatados hollywoodianos.
Confira a programação da mostra de cinema alemão Kinofrei:
– 31 de março
Soul kitchen | 2009 | 96 minutos
Direção: Fatih Akin
– 7 de abril
Fack ju Göthe (Dane-se Goethe) | 2014| 118 minutos
Direção: Bora Dagtekin
– 28 de abril
Was bleibt (O que permanece) | 2012 | 88 minutos
Direção: Hans-Christian Schmid
– 12 de maio
Die Fetten jahre sind vorbei (Os edukadores) | 2014 | 127 minutos
Direção: Hans Weingartner
– 19 de maio
Die gebrüder skladanowsky (Um truque de luz) | 2007 | 79 minutos
Direção: Wim Wenders
– 9 de junho
Love steaks | 2013 | 99 minutos
Direção: Jakob Ladd
– 23 de junho
Das leben ist eine baustelle (A vida é um canteiro de obras) | 2012 | 118 minutos
Direção: Wolfgang Becker
– 7 de julho
Auf der anderen seite (Do outro lado) | 2006 | 120 minutos
Direção: Fatih Akin