Temos quase 10 milhões de adultos analfabetos em nosso país. Seguramente, é um número surpreendente, até porque não se sente nenhum movimento consistente para minorar essa vergonha. Quem está preocupado com isso?

A obrigação primeira da Academia Brasileira de Letras é zelar pela nossa língua e literatura. Consta do Estatuto e do Regimento em vigor. A sua Comissão de Lexicografia e Lexicologia, presidida pelo imortal Evanildo Bechara, tem se desdobrado na matéria. Cuida da revisão do Dicionário, do Vocabulário Ortográfico, vai promover uma nova edição do Vocabulário Onomástico e, segundo critérios muito rígidos, aprova a introdução de novas palavras, o que demonstra o seu indiscutível dinamismo.

Vivemos novos tempos. Fala-se numa linguagem neutra, para contemplar grupos sociais até então linguisticamente marginalizados. Deseja-se valorizar o feminino (já era tempo), num país em que o masculino na verdade engloba tudo. Durante séculos, quando citamos “senhores” estamos abordando a totalidade dos presentes, quando mais certo seria falar “senhoras e senhores”.

Mas há uma versão favorável ao uso de expressões não reconhecidas oficialmente, sob o pretexto de que são mais abrangentes. É o caso do emprego de “todes” e “amigues”, para contemplar o mundo trans. Mas isso é mesmo necessário, nessa altura do campeonato? Há muitas dúvidas a respeito.

Quem cuida da língua portuguesa, como afirmamos, é a Academia Brasileira de Letras. No entanto, o Conselho Nacional de Educação, a que pertencemos por oito anos, deseja estudar o assunto e endereçou consulta à ABL. Antes de tomar posição, pede uma orientação a quem de direito, o que é muito saudável. O tema já se encontra em estudos, para uma definição em breve.

É preciso considerar que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nascida em 1996, orientada pelo então Senador Darcy Ribeiro, pede uma revisão em regra. Muitos dos seus artigos se tornaram obsoletos, modificados pelas chamadas PECs(emendas constitucionais), que hoje somam uma quantidade inacreditável. A LDB está totalmente desfigurada, por isso mesmo. No capítulo da  educação à distância, por exemplo, alguns itens de atualização seriam necessários, para compatibilizar o instrumento legal com a realidade dos nossos dias.




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