A acreana Jerusa Geber venceu uma das provas mais aguardadas desta quinta-feira, 13, no Mundial de atletismo paralímpico em Paris, na França. Conquistou a medalha de ouro nos 100m da classe T11 (cegas), que ainda teve a potiguar Thalita Simplício na terceira colocação.
Com isso, o país permanece na vice-liderança do quadro geral de medalhas da competição, com 24 pódios no total, sendo nove ouros, seis pratas e nove bronzes. Os brasileiros estão somente atrás da China, com 25 no total – 11 ouros, oito pratas e seis bronzes.
O Brasil está representado por 54 atletas de 19 Estados e 11 atletas-guia na competição. O Mundial de atletismo de Paris é o primeiro da modalidade após os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e acontece no Estádio Charlety. O local tem capacidade para 20 mil pessoas e pertence ao clube de futebol Paris FC, da segunda divisão francesa.
Na prova dos 100m T11, Jerusa largou bem e liderou a disputa de ponta a ponta. Finalizou em 11s86 e ainda cravou o novo recorde da competição. A atleta, que nasceu em Rio Branco e é totalmente cega, é a atual recordista mundial da prova, com o tempo de 11s83 registrados durante a 1ª Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa de atletismo, em março, no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo.
“Estamos aqui porque fazemos o que a gente ama. É meu bicampeonato mundial nesta prova, só tenho a agradecer. Os 100m são muito técnicos, não pode errar em nada, temos que estar atentos, pois qualquer descuido podemos perder por milésimos. Mas deu tudo certo”, afirmou Jerusa.
Essa foi a oitava medalha de Jerusa em Mundiais. Antes, havia conquistado o ouro nos 100m em Dubai 2019; prata nos 100m em Doha 2015; prata nos 100m e nos 200m em Lyon 2013; ouro no revezamento 4x100m, prata nos 100m e nos 200m na Nova Zelândia 2011. Ela é, ao lado do capixaba Daniel Mendes, a atleta com mais medalhas em Mundiais da delegação brasileira em Paris.
A chinesa Cuiqing Liu ficou com a medalha de prata ao completar a distância em 12s30. A potiguar Thalita Simplício, medalhista de ouro nos 400m na última terça-feira, 11, fez a dobradinha do Brasil no pódio ao conseguir o bronze com a marca de 12s37.
A prova ainda contou com a participação de outra brasileira, a paranaense Lorena Spoladore, que vinha na disputa pela segunda colocação da prova quando sofreu uma queda a poucos metros da linha de chegada e perdeu a chance de conseguir a sua segunda medalha no Mundial – antes, havia sido prata no salto em distância no último domingo, 9.
“Eu esperava o pódio triplo brasileiro, mas sabíamos que a chinesa viria forte também. Foi uma prova boa. Ficamos felizes pela medalha, mas triste ao mesmo tempo com a Lorena. Espero que ela fique bem”, completou Thalita, que nasceu com glaucoma.
Já no final do dia, pelas eliminatórias dos 400m T47 (amputados de braço), o paulista Lucas Lima e o paranaense José Alexandre conseguiram avançar à final da prova. Lucas chegou em terceiro em sua bateria com o tempo de 49s91, enquanto José Alexandre liderou a sua disputa de ponta a ponta e finalizou em 49s74. A decisão acontece nesta sexta-feira, 14, às 14h29 (de Brasília).
“É o meu primeiro Mundial adulto e, já estar entre os melhores do mundo, significa muito para mim. Isso mostra que o planejamento e os treinos que fizemos lá no Brasil foi muito bom. Estamos conseguindo colocar em prática tudo o que foi pensado para chegar aqui em Paris da melhor forma possível”, analisou José Alexandre, que tem má-formação congênita no braço esquerdo
No total, foram quatro medalhas do país no dia em Paris. Pela manhã na capital francesa (madrugada no Brasil), o sul-mato-grossense Yeltsin Jacques levou o ouro na prova dos 1.500m da classe T11 (atletas com deficiência visual). O sul-mato-grossense, que havia conquistado o bronze nos 5.000m, chegou em primeiro lugar nos 1.500m e ainda bateu o recorde da competição, com 4min03s83.
Já a baiana Raissa Machado conquistou a medalha de prata no lançamento de dardo da classe F56 (que competem sentados). A atleta, que nasceu com má-formação nas pernas, atingiu a marca de 23,05m e ficou atrás apenas dos 25,81m de Diana Krumina, da Letônia. A iraniana Hashemiyeh Motaghian levou o bronze, com 22,95m.
Confira a programação dos brasileiros no Mundial de atletismo Paris 2023 nesta sexta-feira, 14, com os horários de Brasília:
A partir 4h20 / 9h20 – 100m T11 (round 1)
Daniel Mendes
Felipe Gomes
5h10 ou 5h18 / 10h10 ou 10h18 – 200m T36 (round 1)
Samira Brito
5h27 ou 5h35 / 10h27 ou 10h35 – 100m T53 (round 1)
Ariosvaldo Fernandes (Parré)
5h45 ou 5h53 / 10h45 ou 10h53 – 100m T36 (round 1)
Rodrigo Parreira
6h03 / 11h03 – 400m T37 (final)
Bartolomeu Silva
13h34 / 18h34 – Arremesso de peso F32 (final)
Wanna Brito
13h42 ou 13h50 / 18h42 ou 18h50 – 400m T13 (round 1)
Samuel Eckert
14h04 ou 14h12 / 19h04 ou 19h12 – 400m T20 (semifinais)
Samuel Conceição
Daniel Martins
14h20 / 19h20 – 400m T47 (final)
Fernanda Yara
Maria Clara Augusto
14h25 / 19h25 – Arremesso de peso T47 (final)
Suzana Nahirnei
14h29 / 19h29 – 400m T47 (final)
José Alexandre
Lucas Lima
14h39 / 19h39 – 1.500m T20 (final)
Antônia Keyla
A partir 14h59 / 19h59 – 100m T12 (round 1)
Lorraine Aguiar
A partir 15h35 / 20h35 – 100m T11 (semifinais)
Daniel Mendes – se avançar
Felipe Gomes – se avançar
16h13 / 21h13 – 100m T53 (final)
Ariosvaldo Fernandes (Parré) – se avançar
Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível
Os atletas Yeltsin Jacques, Jerusa Geber, e Thalita Simplício são integrantes do Programa Loterias Caixa Atletas de Alto Nível, programa de patrocínio individual da Loterias Caixa que beneficia 91 atletas.
Time São Paulo
Os atletas Lorena Spoladore, Christian Gabriel da Costa e Rayane Soares são integrantes do Time São Paulo, parceria entre o CPB e a Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, que beneficia 106 atletas de 14 modalidades.
Fonte: CPB