O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta quinta-feira (22), durante assembleia geral da entidade, a desfiliação da Associação Internacional de Boxe (IBA, sigla em inglês). É a primeira vez, em 129 anos de existência, que o órgão decide pela exclusão de uma federação do movimento olímpico.
A decisão atende à recomendação do Conselho Executivo do COI, do último dia 7 de junho, sob alegação de que a IBA apresentava problemas de governança, de arbitragem e financeiros. Também na assembleia, a modalidade teve presença assegurada nas Olimpíadas de Paris (França), no ano que vem, e Los Angeles (Estados Unidos), em 2028, da qual ainda não fazia parte do programa.
A IBA estava suspensa pelo COI desde 2019, quando ainda era conhecida por Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador), na esteira de acusações de corrupção e de manipulação de resultados na gestão do taiwanês Wu Ching-Kuo, que presidiu a entidade entre 2006 e 2017. Por conta dsso, foi impedida de organizar as disputas da modalidade nos Jogos de Tóquio (Japão), em 2021, e Paris.
Em nota, a IBA avaliou a decisão como “catastrófica”. Elencou, ainda, questionamentos ao presidente do COI, Thomas Bach, como a responsabilização de Ching-Kuo (que foi membro do Conselho Executivo do Comitê), pelos casos de corrupção do passado; uma suposta falta de comunicação entre as entidades e a relação entre política e esporte, impulsionada pela recomendação a não participação de atletas de Rússia e Bielorrússia em eventos, pelo envolvimento dos países na invasão militar à Ucrânia.
Em entrevista ao programa Stadium, da TV Brasil, durante visita ao centro de treinamento da seleção brasileira de boxe, em São Paulo, o presidente da IBA, Umar Kremlev, já tinha considerado uma “piada” a recomendação do Conselho Executivo sobre a desfiliação. O dirigente, que é russo, ainda defendeu o trabalho feito na associação, a qual preside justamente desde 2019.
“Eles [COI] perdem [com a desfiliação], não nós. Não somos nós que estamos quebrando regras. Não fomos nós [atual diretoria] que promovemos essa situação ligada à corrupção. Estamos resolvendo estes problemas. Nossa associação é, hoje, uma das melhores do mundo para esportes”, disse Kremlev, que se comunicou com auxílio de um tradutor.
Também ao Stadium, o presidente da Confederação Brasileira de Boxe (CBBoxe), Marcos Brito, afirmou que a entidade seguiria o caminho indicado pelo COI para seguir no movimento olímpico. A posição foi reforçada em comunicado publicada nesta quinta.
“Temos a responsabilidade de buscarmos o caminho para viabilizar aos nossos atletas a conquista olímpica e que isso retrate cada cidadão brasileiro. Nosso torcedor merece a participação nos Jogos Olímpicos, como também merece que os resultados sejam expressivos”, relatou a CBBoxe, em nota assinada pelo dirigente.
“Caso haja uma nova entidade que vá ser a responsável por liderar a jornada olímpica do boxe, nós vamos aderir. É isso que importa para nosso caminhar: obter o rumo necessário para o boxe seguir olímpico e para que nós continuemos obtendo bons resultados e orgulhando nosso povo. Não iremos nos furtar em propiciar a nossos atletas sua participação em qualquer competição que traga a satisfação da conquista […] Sempre que for possível a conciliação de torneios importantes, estaremos presentes, priorizando o Olimpismo”, concluiu a nota.
O boxe está presente na Olimpíada desde 1904, em Saint Louis (Estados Unidos). O Brasil foi ao pódio pela primeira vez na Cidade do México, em 1968, com o bronze de Servílio de Oliveira. Nos Jogos de Londres (Grã-Bretanha), em 2012, foram três medalhas, com Adriana Araújo (bronze) e os irmãos Yamaguchi (bronze) e Esquiva Falcão (prata).
No Rio de Janeiro, Robson Conceição obteve o primeiro ouro olímpico brasileiro. O segundo veio cinco anos depois, em Tóquio, com Hebert Conceição. Ainda na capital japonesa, Beatriz Ferreira (prata) e Abner Teixeira (bronze) também se destacaram.
Fonte: Agência Brasil