O Sermão do Monte é bastante conhecido. Foi nesse momento que Cristo estabeleceu os termos da Constituição do Reino.

Porém, ele começa com uma sentença, à primeira vista, um tanto enigmática. Leia e reflita, buscando entender o que Cristo quis nos dizer:

“Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos céus;” (Mateus 5: 3).

Vamos de trás para frente: “porque deles é o Reino dos céus”, ou seja, o Reino de Deus, que tem Jesus Cristo como seu soberano, pertence aos “pobres de espírito”?

Já o início designa os mesmos “pobres de espírito” como “bem-aventurados”, ou seja, presenteados, contemplados, felizes! Isso faz sentido ?

Não é incomum passar por esse texto sem compreendê-lo. Sem conseguir enxergar o pobre de espírito como uma pessoa louvável, como podendo ser o herdeiro do Reino, pois a expressão pode remeter (erroneamente) a pensar serem tais pessoas “pouco espiritualizadas”.

Na verdade, essa conclusão diz mais a respeito de quem pensa do que sobre aquilo que se pensa. É bem provável que aquele que assim compreendeu a passagem é quem precisa buscar ser mais “espiritualizada”.

Sem saber, ela está julgando a si mesma quando pensa poder julgar os “tais” pobres de espírito. Tal pessoa ainda não reconhece que ela mesma deve buscar ser um desses sujeitos, um pobre de espírito.

Porém, no processo contínuo de buscar conhecer os mistérios do Alto, algum dia, essa pessoa chega ao entendimento que, na verdade, objetivamente, todos nós estamos empobrecidos espiritualmente, pois longe de Deus não passamos de inúteis (Rm 3.12)!

É preciso, portanto, reconhecer essa condição para enxergar o valor da Graça do Pai que nos enriquece, que nos tira da miséria espiritual, e nos atrai para o maravilhoso reino de luz.

Agora se sabe que o “pobre de espírito” é aquele que reconhece humildemente a sua frágil condição humana e percebe que todos nós somos completamente dependentes da misericórdia de Deus.




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