O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) lançou nesta segunda-feira, 17.05, os uniformes da delegação brasileira que disputará os Jogos Paralímpicos de Tóquio. A apresentação foi feita pela jornalista Lilian Pacce em uma live nos canais oficiais do CPB no Facebook e no Youtube. A ação é parte da celebração dos 100 dias que faltam para o início da competição na capital japonesa.
O evento online contou com a participação dos medalhistas mundiais Raissa Rocha e Vinícius Rodrigues, do atletismo, de Yohansson Nascimento, vice-presidente do CPB e ex-atleta, e Alberto Martins, diretor técnico do CPB.
O novo enxoval brasileiro contém 120 peças. Os trajes foram desenvolvidos pela própria equipe de design do CPB e tiveram a acessibilidade como principal objetivo, sendo voltado para atender diretamente às necessidades e particularidades das deficiências dos atletas paralímpicos que vão em busca das medalhas no Japão.
Os uniformes foram divulgados por um ensaio fotográfico protagonizado pelos velocistas Gabriela Mendonça (classe T12 para atletas com baixa visão), Lorena Spoladore (T11 para cegos), Vinícius Rodrigues (T63 para amputados de perna), Washington Júnior (T47 para amputados de braço) e os lançadores João Victor Teixeira (F37 para paralisia cerebral) e Raissa Rocha (F56 para cadeirantes); além do atleta-guia Renato Benhur, todos do atletismo,
O espaço da Japan House São Paulo – iniciativa do governo japonês para apresentar a cultura do Japão de hoje – serviu de cenário para o ensaio. A ação foi realizada sob todos os protocolos sanitários e todos os envolvidos foram submetidos aos testes de Covid. Os atletas paralímpicos vestirão os novos uniformes na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos, marcada para 24 de agosto.
“Foi um desafio grande produzir os uniformes, porque não só pensamos na beleza estética e conforto técnico para competir. Ainda mais com atletas com deficiências diferentes. Para que os atletas sentissem orgulho de vestir o uniforme do Brasil, fizemos conversando com os atletas, eles fizeram parte do processo desde o início”, comentou Alberto Martins, diretor técnico do CPB.
Entre os recursos de acessibilidade incorporados como acessórios, as novas peças contam com zíper com “puxador ergonômico”, que possibilita o manuseio confortável e autonomia aos atletas que possuem limitação motora ou articular nas mãos. Já as calças têm uma abertura lateral na barra para facilitar a passagem da prótese para atletas amputados de membros inferiores.
“Facilitou muito o zíper na barra da calça para eu trocar de prótese na pista. Adorei a experiência de ser modelo. O uniforme representa muito para os atletas. Quando eu era criança via os atletas de uniformes, depois do meu acidente, vesti um uniforme ainda no hospital. Recebi o de Pequim da Terezinha Guilhermina e significou muito para mim”, lembrou o paranaense Vinícius Rodrigues, que amputou a perna esquerda acima do joelho após um acidente de moto. O velocista conquistou o bronze nos 100m da classe T63 no Mundial de Atletismo em Dubai 2019.
Os produtos da linha passeio, que vai contemplar todos os atletas da delegação, possuem agora uma etiqueta interna com braille (sistema de escrita tátil utilizado por pessoas cegas ou com baixa visão) para que deficientes visuais identifiquem as cores.
Já as leggings de algumas modalidades, como atletismo, canoagem e remo, terão a barra diferenciada para assegurar segurança de movimento na prática esportiva. Todos os tops contarão ainda com alças retas, sem “cruzamento” nas costas, o que facilita a vestimenta para atletas com deficiência visual.
“As etiquetas em braile são um diferencial nesta coleção. Com certeza, vai dar autonomia aos atletas com deficiência visual. Geralmente, eu tinha que pedir para o meu guia me auxiliar no momento de me arrumar. Agora, vou conseguir preparar o uniforme sozinha”, avaliou a paranaense Lorena Spoladore, que perdeu a visão devido a glaucoma congênito. A velocista foi bronze nos 100m e nos 200m da classe T11 no Mundial de Dubai e no Parapan de Lima, ambos em 2019.
“Os uniformes fizeram parte do meu processo de aceitação da minha própria deficiência. Faz a gente se sentir não só atleta, a gente dá esperança e é inspiração pra outras crianças com deficiência. Estou ansiosa para receber o meu kit e ir para os Jogos Paralímpicos buscar uma medalha”, finalizou a lançadora Raissa Rocha, que nasceu com má-formação nas pernas. A baiana foi campeã parapan-americana em Lima e bronze no Mundial de Atletismo em Dubai no lançamento de dardo da classe F56 (para cadeirantes).
O Brasil já tem 178 vagas em 14 modalidades garantidas nos Jogos de Tóquio. A expectativa é que o país seja representado por 230 competidores (150 homens e 80 mulheres). Nos Jogos Paralímpicos do Rio, o Brasil ficou na oitava colocação do quadro geral de medalhas, com 14 medalhas de ouro, 29 de prata e 29 de bronze, sendo 72 medalhas no total.
Fonte: Comitê Paralímpico Brasileiro