Pressionada pela alta nos preços dos produtos farmacêuticos, a inflação de abril ficou em 0,31%, abaixo da registrada em março (0,93%). Com isso, o índice acumula alta de 2,37% no ano e de 6,76% nos últimos 12 meses. Em abril de 2020, a variação havia sido de -0,31%.Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (11) pelo IBGE.
No grupo saúde e cuidados pessoais, a alta foi de 1,19%. A principal influência desse resultado foi o aumento dos preços dos produtos farmacêuticos (2,69%), que foram também o principal impacto no índice geral (0,09 p.p.). “No dia 1º de abril, foi concedido o reajuste de até 10,08% no preço dos medicamentos, dependendo da classe terapêutica. Normalmente esse reajuste é dado no mês de abril, então já era esperado”, diz o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
A maior variação nos produtos farmacêuticos veio dos remédios anti-infecciosos e antibióticos (5,20%). Além disso, houve alta também nos produtos de higiene pessoal (0,99%), como perfumes (3,67%), artigos de maquiagem (3,07%), papel higiênico (2,90%) e produtos para cabelo (1,21%).
Outro destaque no índice de abril foi o grupo dos transportes, que variou -0,08%, influenciado, principalmente, pela queda nos preços dos combustíveis. Após 10 meses consecutivos de alta, a gasolina recuou 0,44% em abril. Mas a queda mais intensa no grupo veio do etanol (-4,93%). “Houve uma sequência de reajustes entre fevereiro e março na gasolina. Mas no fim de março houve duas reduções no preço desse produto nas refinarias. Isso acaba chegando ao consumidor final”, afirma o pesquisador.
Ele explica que, com o etanol, o cenário é semelhante. “O etanol acaba seguindo a gasolina porque atua como um substituto. Quando sobe o preço da gasolina, as pessoas migram para o etanol e o preço dele sobe também”. Por outro lado, ainda nos transportes, os automóveis novos (1,01%) e usados (0,57%) tiveram alta. E os preços das passagens aéreas (6,41%) subiram pela primeira vez no ano.
O aumento no preço de alimentos como as carnes (1,01%), o leite longa vida (2,40%), o frango em pedaços (1,95%) e o tomate (5,46%) tornou a alimentação no domicílio (0,47%) mais cara do que no mês anterior. Isso explica a alta de 0,40% no grupo alimentação e bebidas.
“Tivemos alta no segundo semestre do ano passado, depois uma desaceleração desde o início do ano e agora uma aceleração de 0,13% para 0,40% devido ao aumento nos preços desses alimentos”, explica Kislanov.
De acordo com o pesquisador, as carnes, que acumularam uma alta de 35,05%, nos últimos 12 meses, tiveram seus preços aumentados em abril devido, principalmente, à inflação de custos por causa da ração animal. “Estamos em um momento em que há uma grande alta no preço das commodities. Nesse caso, principalmente a soja e o milho estão impactando os custos do produtor e isso acaba influenciando o preço final do produto no mercado”, pontua o gerente da pesquisa.
Entre os alimentos que tiveram queda no preço, as frutas (-5,21%) foram o principal destaque. A alimentação fora do domicílio desacelerou (0,23%), após subir 0,89% no mês anterior. O índice menor é explicado especialmente pela variação de -0,04% do lanche, item que havia subido 1,88% em março.
Já o aumento menos intenso do grupo habitação (0,22%), em relação ao mês anterior (0,81%), foi impactado pela desaceleração nos preços do gás de botijão (1,15%), que haviam aumentado 4,98% em março, e pelo recuo de 0,04% da energia elétrica. A bandeira tarifária amarela, que acrescenta R$ 1,343 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos, foi mantida em abril. Regiões metropolitanas como Rio de Janeiro (3,63%) e Fortaleza (3,32%) sentiram a alta desse item, ao passo que em outras, como São Paulo (-1,22%) e Porto Alegre (-1,38%), houve redução por causa da diminuição das alíquotas de PIS/COFINS.
Todas as 16 áreas pesquisadas registraram inflação. A maior variação veio de Rio Branco (0,96%), influenciada especialmente pela alta nos produtos farmacêuticos (4,50%). Já o menor índice foi observado em Brasília (0,05%), por conta, principalmente, da queda no preço da gasolina (-1,47%).
Com o acumulado de 6,76% nos últimos 12 meses, o IPCA se encontra acima do teto da meta do governo, que é de 5,25%. “Há também o efeito das duas deflações que tivemos no ano passado, em abril e maio. Quando olhamos para os 12 meses, estamos tirando uma deflação de 2020 e adicionando uma variação positiva agora”, explica Kislanov.
INPC varia 0,38% em abril
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC de abril teve alta de 0,38%, abaixo da taxa de março, quando havia registrado 0,86%. O indicador acumula, no ano, alta de 2,35% e de 7,59% em 12 meses. Em abril de 2020, a taxa foi de -0,23%.
Os produtos alimentícios subiram 0,49% em abril enquanto, no mês anterior, haviam registrado 0,07%. Os não alimentícios variaram 0,35%, após subirem 1,11% em março.
Todas as áreas pesquisadas tiveram inflação em abril, com destaque para Rio Branco (1,06%), onde as altas da gasolina (1,95%) e dos produtos farmacêuticos (4,66%) fizeram o índice subir. Já o menor índice foi observado em Brasília (0,11%), influenciado pelas quedas nos preços da gasolina (-1,47%) e das frutas (-7,10%).
Mais sobre a pesquisa
O Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC) produz o IPCA, que tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo das famílias.
Atualmente, a população-objetivo do IPCA abrange as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, enquanto a do INPC abrange as famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, residentes nas áreas urbanas das regiões de abrangência do SNIPC: regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e dos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju. Acesse os dados no Sidra.
Fonte: Agência IBGE