A brasileira Valéria Kumizaki conquistou a medalha de ouro na categoria -55kg na etapa de Istambul, na Turquia, da Premier League de caratê, encerrada neste domingo (14.03). Campeã dos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019, e com um vice-campeonato mundial no currículo, a paulista de 35 anos foi a melhor numa chave de 49 atletas, de 36 países.
Valéria estreou com vitória por 4 x 0 sobre a suíça Melinda Michel. Na sequência, eliminou Sabina Zakharova, do Cazaquistão, por 1 x 0. A terceira luta foi contra uma atleta da casa. A brasileira passou por Tuba Yakan, da Turquia, por 2 x 1 e chegou à semifinal. Na disputa pela vaga na decisão, superou a polonesa Dorota Banaszczyk por 2 x 0. A medalha de ouro, neste domingo, veio numa luta intensa e igual contra a chilena Valentina Toro Menezes. Após empate em 1 x 1 no tatame, Valéria ficou com o título pela decisão dos árbitros.
“Estou muito feliz de estar voltando e chegar ao pódio numa etapa da Premier League. É sempre importante e estava com saudades de competir. Mais importante ainda porque estava lesionada. Fiquei quase dois meses sem treinar caratê e voltei a treinar há dez dias. Acho que entrei focada e o resultado veio, mas é só o começo da preparação. Ainda tem muita coisa para vir”, comentou a atleta, que é integrante da Categoria Pódio, a principal do programa Bolsa Atleta do Governo Federal.
Infelizmente para Valéria, a etapa de Istambul não contou pontos na corrida olímpica pela vaga na estreia do caratê nos Jogos Olímpicos. Em Tóquio, o regulamento vai unir atletas das faixas de peso -50kg e -55kg. Valéria ocupa atualmente a 17ª posição na listagem. Como há apenas mais uma competição que valerá pontos no circuito internacional, em Lisboa, em Portugal, em maio, a brasileira já foca a preparação de olho na seletiva mundial em Paris, na França, em junho.
Tóquio 2021 tornou-se oportunidade única para os atletas do caratê, em especial porque o programa dos Jogos de Paris, em 2024, já não prevê a presença da modalidade. Para Diego Spigolon, técnico da Seleção Brasileira Feminina, Valéria mostrou em Istambul que pode, sim, brigar por estar nessa presença pontual do caratê na história dos Jogos Olímpicos.
“A Valéria lutou muito bem neste fim de semana. Trouxe para o tatame toda a experiência e eficiência dela, em especial nessa final sul-americana. Foi uma retomada do circuito depois de um ano sob efeitos da pandemia. Acho que isso mostra que ela está no caminho certo para o torneio classificatório, em Paris, em junho. Seguimos muito confiantes”, afirmou o treinador.
Na opinião do coordenador técnico da Confederação Brasileira de Karatê, William Cardoso, o resultado de Valéria Kumizaki reabre a esperança de o Brasil ter dois atletas nos Jogos do Japão. O outro brasileiro com real chance de figurar em Tóquio é Vinícius Figueira, da categoria -67kg. Em Istambul, o paranaense não teve boa trajetória. Vice-campeão mundial em 2019 e também integrante da categoria Pódio do Bolsa Atleta, Vinicius perdeu na estreia para Assylbek Muratov, do Cazaquistão, por 1 x 0.
“O Vinícius está também retornando de lesão. A comissão técnica achou importante ele lutar para pegar ritmo. De qualquer forma, ele está 260 pontos à frente do principal adversário dele no ranking pela vaga em Tóquio, o egípcio Ali Elsawy. Inclusive, o egípcio foi campeão em Istambul, mas não valia pontos no ranking. Assim, o Vinícius segue dependendo apenas dele para carimbar o passaporte”, disse William.
Se Valéria não conseguir a vaga na seletiva, ainda há uma possibilidade no horizonte via uma potencial vaga continental. Valéria foi campeã dos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em 2019, e é a melhor das Américas no ranking olímpico de sua categoria de peso. Na ponderação desse ranking, contudo, são levadas em conta todas as categorias de peso. De acordo com esse critério, a peruana Alexandra Grande, que disputa a vaga na classe -61kg, leva vantagem sobre Valéria. A peruana também foi campeã nos Jogos de Lima e atualmente ocupa a nona posição no ranking para Tóquio.
O regulamento de Tóquio é restrito. A competição terá apenas dez atletas em cada uma das seis categorias de peso do kumite, além de dez nas disputas individuais de kata (prova de demonstração), masculino e feminino. Quatro dessas vagas, em cada categoria, são definidas de forma direta pelo ranking olímpico. “Para se ter uma ideia, serão 80 atletas no total, em oito categorias. No Mundial de 2018, por exemplo, eram 1.114 atletas de 131 países”, explicou William Cardoso.
No cronograma dos Jogos de Tóquio, as competições do caratê serão entre 5 e 7 de agosto. O palco será o mesmo que antes receberá as disputas do judô. A Nippon Budokan é uma arena historicamente conectada com as artes marciais no Japão e foi criada para os Jogos de 1964. A instalação recebeu em 2019 o Mundial de Judô.
Fonte: Rede do Esporte