O Grupo de Modelagem Epidemiológica, formado por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), publicou mais uma nota técnica, referente ao cenário do Covid-19 no município. De acordo com o levantamento, há projeção de até 473 internações nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), destinados aos pacientes infectados pela doença. A estimativa é esperada até o dia 27 deste mês.
Esta análise teve como base, a Função de Resposta ao Impulso, o qual estima que, no período até 13 de janeiro, a cada 84 novos casos suspeitos, é esperado um aumento de 40 novos casos suspeitos, após decorridos oito dias. Ou seja, cerca de 4 leitos de enfermaria e um leito de UTI são ocupados. Esta avaliação resultou na projeção de até 473 internações.
De acordo com uma das autoras do documento, Isabel Leite, a movimentação de pessoas durante o final de 2020, como ida às rodoviárias e pontos de ônibus, resultou em aumento de 60% na comparação com o último período analisado, no dia 18 de dezembro:
“O nosso grande desafio vem nesses primeiros 15, 20 dias do mês de janeiro, com o retorno das pessoas que saíram para o feriado: o que acontecerá em termos de aumento de casos suspeitos, confirmados e consequentes internações, seja em enfermaria ou UTI”.
Vale ressaltar que a análise da movimentação de pessoas foi feita através da plataforma Google Mobility. Os dados apresentados no sistema indicam redução de ida ao trabalho e a parques no período do feriado do dia primeiro deste mês.
Aumento de casos e da taxa de letalidade
Conforme a nota publicada, Juiz de Fora teve aumento de 70% na taxa de média móvel referente aos casos confirmados, em comparação ao dia 2 deste mês. Foi registrado também crescimento na taxa de letalidade do Covid-19 no município. No último dia 16, o índice era de 3,94%. Na mesma data, o valor era de 2,46% na região Macro Sudeste, 2,1% em Minas Gerais e 2,48% no Brasil.
Segundo Isabel Leite: “Juiz de Fora não tem nenhum sinal de controle de pandemia, pelo contrário: o que observamos é um aumento no número de casos e de vidas perdidas nas três últimas semanas”, afirma.
Dentre o número de pessoas infectadas na cidade, 57,5% (em Juiz de Fora) e 68,64% (na Macro Sudeste) são em pessoas com idades entre 20 e 59 anos, ou seja, pertencem majoritariamente à parte da população que é economicamente ativa:
“Famílias foram contaminadas possivelmente no Natal e Ano Novo, com viagens e festas. Por mais que tenham sido alertados, manteve-se a tendência do agravamento da pandemia no município, já identificada desde as notas de novembro”, avalia Isabel Leite.
Vidas perdidas
Quanto ao número de mortes confirmadas, os dados apontados na nota técnica indicam que 80% dos pacientes que vieram a falecer em Juiz de Fora tinham 60 ou mais.