Em jogo válido pela segunda rodada do Campeonato Francês, o Paris Saint-Germain foi derrotado em casa pelo Olympique de Marselha, pelo placar de 1×0. Entretanto, o fato marcante da partida, foi o zagueiro Álvaro González, proferir palavras de cunho racista para Neymar. O brasileiro alega que o adversário teria chamado de “macaco” em espanhol.
Durante o jogo, o atacante chegou a relatar ao árbitro da partida sobre possíveis ofensas e logo após o apito final, fez desabafo para as câmeras de transmissão, depois de receber cartão vermelho por desferir um tapa contra o próprio González.
O camisa 10 relata ainda que se arrepende de “não ter dado na cara” do adversário. Inclusive, o jogador espanhol postou uma foto em suas redes sociais, ao lado de jogadores negros do Olympique, afirmando que durante toda sua carreira futebolística, nunca se envolveu em episódios racistas.
Após o ocorrido, o PSG emitiu uma nota em seu site oficial, manifestando total apoio a Neymar e condena atos raciais no futebol, veja o comunicado:
“O Clube lembra que não há espaço para o racismo na sociedade, no futebol ou em nossas vidas e conclama todos a se elevarem contra todas as suas manifestações pelo mundo.
Há mais de 15 anos, o Clube está fortemente empenhado na luta contra todas as formas de discriminação ao lado dos seus parceiros como SOS Racisme, Licra ou Sportitude.
O Paris Saint-Germain conta com a Comissão Disciplinar da LFP para investigar e lançar luz sobre estes fatos. O Clube está à sua disposição para colaborar no andamento das investigações”.
Conforme informações da rádio francesa “RCM”, a Liga de Futebol Profissional (LFP), abriu uma investigação para apurar se houve ofensas raciais por parte de Álvaro González. Se for confirmado, o jogador espanhol pode ser suspenso de até 10 jogos. Entretanto, por conta da agressão feita contra o adversário, Neymar pode pegar ganho de 7 partidas.
Além disso, a “Téléfoot”, emissora responsável pela transmissão do Campeonato Francês, verificou todas as imagens feitas durante o jogo e não foi encontrada nenhuma ofensa racial por parte de González. A TV ressaltou que entregou todas as imagens à liga que organiza o torneio.
Resposta de Neymar
O próprio atacante brasileiro postou um texto em suas redes sociais, desabafando sobre o ocorrido e assim como fez o clube francês, manifestou repúdio contra atos raciais no futebol:
“Ontem me revoltei, fui punido com vermelho porque quis dar um cascudo em quem me ofendeu. Achei que não poderia sair sem fazer nada porque percebi que os responsáveis não fariam nada, não percebiam ou ignoravam. Durante o jogo, queria dar a resposta como sempre, jogando futebol. Os fatos mostram que não consegui, me revoltei.
No nosso esporte, as agressões, insultos, palavrões são do jogo, da disputa. Não dá para ser carinhoso. Entendo esse cara em parte. Faz parte do jogo. Mas o preconceito e a intolerância são inaceitáveis. Eu sou negro, filho de negro, neto e bisneto de negro. Tenho orgulho e não me vejo diferente de ninguém. Ontem eu queria que os responsáveis pelo jogo (árbitro, auxiliares) se posicionassem de modo imparcial e entendessem que não cabe tal atitude preconceituosa.
Refletindo e vendo tanta manifestação quanto ao que ocorreu, fico triste pelo sentimento de ódio que podemos provocar quando no calor do momento nos revoltamos. Deveria ter ignorado? Não sei ainda… Hoje com a cabeça fria respondo que sim, mas oportunamente eu e meus companheiros pedimos ajuda aos árbitros e fomos ignorados. Esse é o ponto!
Nós que estamos envolvidos no entretenimento precisamos refletir. Uma ação levou a uma reação e chegou onde chegou. Aceito minha punição porque deveria ter seguido no caminho da disputa limpa do futebol. Espero, por outro lado, que o defensor também seja punido.
O racismo existe, mas temos que dar um basta. Não cabe mais, chega! O cara foi um tolo, eu também fui por me deixar ser atingido… Eu ainda hoje tenho o privilégio de me manter com a cabeça levantada, mas todos nós precisamos refletir que nem todos os pretos e brancos podem estar na mesma condição. O dano do confronto pode ser desastroso para ambos os lados, quer seja preto ou branco. Não quero e não podemos misturar assuntos. Cor de pele não há escolha. Perante Deus somos todos iguais.
Agora… Ontem perdi no jogo e me faltou sabedoria… Estar no centro dessa situação ou ignorar um ato racista não vai ajudar, eu sei. Mas pacificar esse movimento “antirracismo” é obrigação nossa para que o menos privilegiado receba naturalmente sua defesa. Vamos nos encontrar novamente e vai ser do meu jeito, jogando futebol… Fica na paz! Fica em paz! Você sabe o que falou… Eu sei o que fiz! Mais amor ao mundo!”