Investimento federal nas modalidades paralímpicas já garantidas em Tóquio supera os R$ 35 milhões anuais

A um ano do início das competições nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, o Brasil tem confirmadas 105 vagas em 14 modalidades. Dessas, apenas dez já contam com nome e sobrenome, todas no tênis de mesa. Desse universo, nove (90%) são integrantes do Bolsa Atleta e recebem investimento federal anual no valor de quase R$ 1 milhão (R$ 974 mil). Sete pertencem à categoria Pódio, a mais alta do programa, e dois fazem parte da categoria Paralímpica.

Levando em conta as 14 modalidades paralímpicas com atletas já qualificados, o investimento federal via Bolsa Atleta é de R$ 35,77 milhões por ano, expresso em 1.222 bolsistas, sendo 144 da categoria Pódio e outros 1.078 nos demais segmentos do Bolsa Atleta.

A modalidade com mais beneficiados pelo programa de patrocínio individual do Governo Federal é o atletismo, com 492 paralímpicos contemplados. É também o atletismo o esporte em que o Brasil tem mais vagas asseguradas em Tóquio: 36. A natação aparece na sequência, tanto no apoio federal, com 247 bolsistas, quanto no número de vagas confirmadas: 35.

Com o adiamento dos Jogos Paralímpicos para 2021 e o congelamento do ranking e do calendário, até atletas de presença indiscutível na Seleção, como o campeão mundial e recordista mundial dos 100m na Classe T-47 do atletismo, Petrúcio Ferreira, o multicampeão de natação Daniel Dias e a campeã mundial de taekwondo Débora Menezes precisam aguardar a definição oficial dos nomes que vão representar o país na capital japonesa.

A estimativa do Comitê Paralímpico Brasileiro é de que o país seja representado em Tóquio por cerca de 230 atletas, com previsão de 150 homens e 80 mulheres. A delegação fará a aclimatação na cidade de Hamamatsu por cerca de 15 dias. A cidade reúne a maior colônia brasileira no Japão, com cerca de 12 mil integrantes. As modalidades que esperam usar a cidade para preparação são atletismo, bocha, canoagem, esgrima em cadeira de rodas, futebol de 5, goalball, halterofilismo, judô, natação, remo, parabadminton, paratekwondo, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, tiro com arco, triatlo e vôlei sentado. Os Jogos Paralímpicos estão agendados para o período entre 24 de agosto e 5 de setembro de 2021. 

Adaptações inéditas

Se no plano individual dos atletas o período da pandemia acrescentou desafios, adaptações, restrições e a criação de um novo normal, no lado dos técnicos não foi diferente. Assim como quase todos os treinadores, Paulo Molitor precisou redesenhar projeções e adquirir novas habilidades para atender os integrantes da seleção de tênis de mesa paralímpica.

“Nunca passamos por um momento desse, tão grave em nível mundial. Nossos atletas nunca ficaram antes quatro meses sem treinar. O máximo era duas, três semanas, no fim de ano”, compara o treinador. “No começo foi complicado porque não sabíamos exatamente o que ia acontecer. Se ia parar tudo realmente, se eram só duas semanas, um mês. Quando vimos que a situação estava grave, tomamos as atitudes”, conta.

As atitudes, em parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro, incluíram manter os atletas ocupados virtualmente, com atendimento psicológico uma vez por semana e fisioterapia preventiva duas ou três vezes por semana. Isso além de acompanhamento nutricional a cada 10 ou 15 dias e reuniões semanais para acompanhar os atletas.

“Foram quatro meses assim até que houve o protocolo de segurança local para retornarmos ao CT com metade da delegação da seleção permanente. Para você ter uma ideia, as bolinhas que usamos e caem no chão não pegamos para reutilizar. Deixamos lá para lavar para o dia seguinte. Ficam lá para serem higienizadas. Como temos muitas à disposição, temos esse privilégio de podermos não pegar de novo. Na entrada há controle de temperatura, túnel de higienização e são poucas pessoas circulando no CT”, lista Molitor.

Para os atletas que estão longe, há acompanhamentos online, análises de vídeo e prescrição dos treinamentos a serem feitos. “Para os cadeirantes, que fazem parte do grupo de risco, estamos trabalhando mais a parte física e mental enquanto não podem voltar ao CT. E, para os que estão aqui, eles voltaram até bem tecnicamente, mas bem abaixo na parte física em função do período de inatividade. Estamos recuperando isso”.

Respaldo de investimentos

Assim como a tranquilidade pela vaga conquistada permite que o trabalho de longo prazo para Tóquio seja retomado sem pressa, os atletas ressaltam também que a decisão do Governo Federal de dar sequência aos repasses do Bolsa Atleta e de entender as peculiaridades do período de pandemia foi estratégica e decisiva para que todos pudessem manter a mente serena e a estrutura de suporte aos treinos sem rupturas.

“Isso nos permite manter o foco e treinar tranquilos. Eu posso, por exemplo, pagar um preparador físico e um técnico particular para acrescentar carga de treinamento ao que já tenho na seleção e ter acesso aos melhores materiais do tênis de mesa”, afirma Bruna Alexandre, integrante da categoria Pódio, a mais alta do programa Bolsa Atleta, desde 2016. “É de extrema importância. A Bolsa Pódio me deu as condições de montar esse CT em casa e me ajuda também a ter uma estrutura extra para me auxiliar na parte física e psicológica”, completa Cátia Oliveira. 

Para Paulo Salmin, a notícia da manutenção da Bolsa Pódio até o fim do ciclo que vai até 2021 foi determinante para os atletas da seleção se manterem com perspectivas. “Sendo bem direto: acho que a melhor notícia do primeiro semestre foi a manutenção desses investimentos. Estávamos num cenário muito incerto, não sabíamos se a Olimpíada seria adiada ou não. Foi a notícia boa do primeiro semestre, porque nos dá calma para trabalhar e para nos manter ‘full time’ na função de alto rendimento”, avalia.   

“Este foi até um dos temas de assunto em redes sociais entre nós. Havia uma preocupação de que esse período de incerteza econômica atingisse o esporte, os atletas, a Bolsa Pódio, e a resposta positiva da manutenção foi muito boa. A gente ainda trabalha com as restrições desse período, mas respaldados até Tóquio 2021”, completa Israel Stroh.

Fonte: Assessoria




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