A piauiense Leticia Maria Nonato Lima, de 19 anos, vive o atletismo de forma intensa desde 2013. O sonho desde sempre era ser atleta olímpica e representar o Brasil em Paris-2024. O adiamento dos Jogos de Tóquio para 2021, porém, serviu de estímulo para a corredora da UNIFOR, de Fortaleza (CE), que agora acredita em poder brigar por uma vaga na equipe nacional já no ano que vem.
Recuperada de uma lesão lombar, que atrapalhou o segundo semestre de 2019, Leticia já é uma das melhores velocistas da história do Nordeste e agora quer ratificar a condição na categoria adulta no Brasil, embora tenha ainda este ano como atleta sub-20. Bons retrospectos não faltam. A menina nascida em Teresina, criada em Timon (MA) e que compete pelo Ceará tem no currículo a medalha de bronze conquistada nos 200m nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2018, em Buenos Aires (ARG). Ela é a única mulher brasileira a subir ao pódio de uma prova de atletismo na competição dedicada para jovens de até 17 anos.
“Competir nos Jogos Olímpicos da Juventude foi uma das maiores experiências da minha vida. Meu nome não estava na primeira lista de convocação. Foi um nervosismo só. Depois fui chamada, um alívio. Saí da pista na Argentina com o sorriso no rosto e recompensada por todo o esforço e dedicação, com aplausos de muita gente nas arquibancadas”, lembrou a atleta que passa a quarentena na casa de seus pais em Timon. “Por isso, quero mais, quero repetir a emoção em competições como as Olimpíadas”, disse Leticia, que integrou as equipes brasileiras no Mundial Sub-18, realizado em 2017, em Nairóbi, Quênia, e no Mundial Sub-20 de Tampere, em 2018, na Finlândia.
Quarentena
O início da quarentena foi difícil. “A pista da Universidade de Fortaleza fechou e voltei para casa. Tive de improvisar na rua, fazer rampa. Agora está tudo melhor. Voltei a treinar no Estádio Miguel Lima, onde comecei no atletismo há sete anos, completados no dia 13 de agosto, e faço os exercícios de força numa academia em Teresina”, contou. Timon e Teresina, cidades de dois estados diferentes, ficam a seis quilômetros de distância pela estrada. Uma ponte separa das duas cidades.
“O foco no início do ano era buscar os índices para o Mundial Sub-20, que estava marcado para Nairóbi, mas por causa da pandemia acabou adiado para 2021. E infelizmente no ano que vem não poderei participar porque completarei 20 anos”, lamentou a velocista, orientada desde o início da carreira por Antônio Nilson de Sousa.
Antônio Nilson, aliás, descobriu o potencial de Letícia quando a menina de 12 anos venceu a prova de sua categoria na Maratoninha Caixa, em Timon, a terceira cidade mais populosa do Maranhão. “Fazia balé e soube da competição, que daria uma bicicleta de presente. Fiz alguns treinamentos, na verdade mais brincadeiras, ações lúdicas e acabei ganhando. O treinador foi conversar com minha mãe, Alexandra, e disse que eu era um ‘diamante’ que precisava ser lapidado. Acabei indo treinar e logo nas primeiras competições venci o Brasileiro Sub-16 e depois fui disputar um Sul-Americano.”
Mesmo depois da transferência do CT Piauí para a UNIFOR, a ligação entre o treinador e a atleta continua forte. Antônio Nilson foi contratado pelo Centro de Inclusão Social e Iniciação do Atletismo (CISAT), que também funciona na UNIFOR, e treina a pupila. Só estão separados nesta pandemia porque Leticia voltou para Timon e Antônio ficou em Fortaleza.
“Teremos tempo de trabalhar juntos novamente. Para a temporada 2020, nosso objetivo é vencer os Brasileiros Sub-20 e Sub-23 e ser finalista do Troféu Brasil. Já para 2021 a meta é buscar o índice olímpico e ela participar de mais competições internacionais”, disse o treinador potiguar.
Leticia é a rainha da velocidade nas últimas edições do Troféu Norte-Nordeste Caixa de Atletismo – Professor Manoel Trajano Dantas Neto. Já venceu inúmeras provas da competição desde a categoria sub-16 até a adulta. Em 2016, em Maceió (AL), foi eleita o destaque feminino da categoria sub-16 ao vencer os 75m e os 250m. O reconhecimento foi obtido também no Sub-18 de Natal, em 2017, e no adulto de 2017 e de 2018, ambas no Recife, entre outras edições.
Fonte: CBAt