Pela primeira vez, menos da metade das pessoas em idade de trabalhar está ocupada

O percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar chegou a 49,5% no trimestre encerrado em maio, queda de cinco pontos percentuais em relação ao trimestre até fevereiro. É mais baixo nível da ocupação desde o início da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), em 2012. Os dados da pesquisa foram divulgados pelo IBGE.

“Pela primeira vez na série histórica da pesquisa, o nível da ocupação ficou abaixo de 50%. Isso significa que menos da metade da população em idade de trabalhar está trabalhando. Isso nunca havia ocorrido na PNAD Contínua”, explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. São 85,9 milhões de pessoas ocupadas.

A taxa de desocupação passou de 11,6%, no trimestre até fevereiro, para 12,9% no trimestre terminado em maio, atingindo 12,7 milhões de desempregados. São mais 368 mil pessoas à procura de trabalho em relação ao trimestre anterior. No mesmo período, 7,8 milhões de pessoas saíram da população ocupada, uma queda de 8,3%.

“É uma redução inédita na pesquisa e atinge principalmente os trabalhadores informais. Da queda de 7,8 milhões de pessoas ocupadas, 5,8 milhões eram informais”, destaca Beringuy.

Os trabalhadores informais somam os profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) e sem remuneração. O número de empregados no setor privado sem carteira assinada caiu 20,8%, significando 2,4 milhões a menos no mercado de trabalho. Já os trabalhadores por conta própria diminuíram em 8,4%, ou seja, 2,1 milhões de pessoas. Com isso, a taxa de informalidade caiu de 40,6% para 37,6%, a menor desde 2016, quando o indicador passou a ser produzido.

“Numericamente nós temos uma queda da informalidade, mas isso não necessariamente é um bom sinal. Significa que essas pessoas estão perdendo ocupação e não estão se inserindo em outro emprego. Estão ficando fora da força de trabalho”, analisa a pesquisadora.

Ela explica ainda que, com a redução no número de trabalhadores informais, grupo que geralmente ganha remunerações menores, o rendimento médio habitual teve aumento de 3,6%, chegando a R$ 2.460, o maior desde o início da série. Já a massa de rendimento real foi estimada em R$ 206,6 bilhões, uma queda de 5% frente ao trimestre anterior.

1,2 milhão de trabalhadores domésticos saíram do mercado de trabalho

O número de trabalhadores domésticos, estimado em 5 milhões de pessoas, teve uma queda de 18,9% em relação ao trimestre encerrado em fevereiro. São 1,2 milhão de trabalhadores a menos no mercado de trabalho. Já o contingente de empregados no setor privado com carteira assinada (sem contar os trabalhadores domésticos) teve uma queda de 7,5%, ou seja, menos 2,5 milhões de pessoas no mercado, totalizando 31,1 milhões e atingindo o menor nível da série.

Com essas reduções, o contingente na força de trabalho (pessoas ocupadas e desocupadas) chegou a 98,6 milhões de pessoas, uma queda de 7,4 milhões (-7%) em relação ao trimestre encerrado em fevereiro.

“Uma parte importante da população fora da força é formada por pessoas que até gostariam de trabalhar, mas que não estão conseguindo se inserir no mercado, muito provavelmente em função do cenário econômico, das dificuldades em encontrar emprego, seja devido ao isolamento social, seja porque o consumo das famílias está baixo e as empresas também não estão contratando. Então esse mês de maio aprofunda tudo aquilo que a gente estava vendo em abril”, conclui Beringuy.

Comércio perde dois milhões de pessoas ocupadas

O único grupamento de atividade que teve aumento em relação ao trimestre encerrado em fevereiro foi o de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, que cresceu 4,6% no período. Isso significa um aumento de 748 mil pessoas no setor.

Entre os outros grupamentos de atividade, o que apresentou a maior queda em relação ao número de pessoas ocupadas foi o Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-11,1%), com menos 2 milhões de empregados. Já a Indústria perdeu 1,2 milhão de pessoas (-10,1%) e a Construção, 1,1 milhão (-16,4%).

Fonte: Agência IBGE




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