Especialistas da UFJF orientam sobre cuidados com pacientes isolados em casa com Coronavírus

Diante da epidemia do Coronavírus, muitos pacientes ficam isolados em casa para fazer tratamento. Para tratar do assunto, especialistas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), orientam sobre os principais cuidados e quais são os impactos de uma pessoa contaminada convivendo entre familiares. 

Um dos principais cuidados que devem ser observados a todo instante, quando se tem paciente contaminado em casa, é a higiene. Segundo o professor Rodrigo Souza, infectologista do Hospital Universitário (HU/Ebserh/UFJF), é importante haver precaução com a higiene do ambiente e limites de espaço de convívios:

“As recomendações começam no quarto, que deve ser individual e bem ventilado. Em casas pequenas, a pessoa pode ficar isolada em um cômodo específico. O ideal é que a circulação do paciente seja nula, evitando a contaminação de outros ambientes. Ele deve ficar separado e com deslocamento limitado. Quando a separação de cômodos não for possível, deve-se manter distância de pelo menos um metro dos demais habitantes.”

Os cuidados com o ambiente se estendem, por exemplo, na necessidade de ter um banheiro exclusivo para a pessoa contaminada. Assim como em outros cômodos, deve ser feita higienização em todas as superfícies tocadas, como maçanetas de porta e torneiras. A higienização em diversos objetos tocados deve ser feita pela pessoa mais saudável e com menos riscos de contaminação.  

Diagnóstico do Covid-19

Conforme o professor Rodrigo Souza, é importante o diagnóstico da doença até mesmo em caso de quarentena em casa. Segundo ele, quanto mais cedo for o diagnóstico, menor é a chance de outras pessoas contraírem a doença:

“Se for feito precocemente, existe uma possibilidade de as pessoas não adquirirem a doença, devido às separações e precauções que devem ser realizadas. Se o diagnóstico for feito tardiamente, o risco aumenta. Existem muitos casos em que a pessoa adquire o vírus quando ainda está assintomática, o que impossibilita essa preparação prévia.”

Além disso, o fator psicológico pode ser bastante exigido nessas circunstâncias. É fundamental que o cuidador do paciente diagnosticado com a doença, busque cuidados essenciais na questão psicológica.

Autocuidado

Para a psicóloga e professora da UFJF, Fabiane Rossi, é de muita importância que o cuidador busque métodos para amenizar o fator isolamento e trazer bem-estar para o paciente adoecido:

“Cuidar do outro não deve inviabilizar o autocuidado; que inclui a organização de uma rotina de cuidados com o sono e com o corpo (alongamento, exercícios adaptados); meditação; realização de atividades que tragam tranquilidade; e o esforço em evitar o excesso de informações e de hábitos prejudiciais à saúde, obviamente dentro da realidade de cada família. No que diz respeito à angústia decorrente desta vivência, é importante que o cuidador busque, além de proporcionar os cuidados com a medicação e alimentação, ter espaços virtuais de contato e suporte com o familiar adoecido, o que pode amenizar a sensação de desamparo, de insegurança e de isolamento para ambas as partes.”, ressalta.

Medo

Outra questão que pesa durante o isolamento social para o paciente diagnosticado com Coronavírus é o medo. Para a ex-aluna da UFJF, Maria Elisa Diniz, afirma que o medo foi um dos piores impactos psicológicos durante o tratamento contra a doença:

Há uma constante preocupação de saber o que pode acontecer com você, o que mexe muito com a nossa cabeça. Existe também um medo de que as pessoas ao seu redor piorem, a culpa de infectar outras pessoas; um receio muito grande de que qualquer pessoa se aproxime de você” relata.

Maria Eliza diz que após sair do hospital, diz que mesmo estar curada da doença, sentiu medo em ficar perto de outras pessoas e diz que ficou trancada no quarto durante um tempo:

“Quando saí do hospital, fiquei literalmente trancada dentro do quarto, pois tinha medo de ficar perto de outras pessoas. Mesmo depois de sair do isolamento, ainda demorei um tempo para conseguir sair de casa para atividades essenciais. O medo é um dos sintomas não listados da Covid-19.”

Boletim epidemiológico

Segundo o levantamento divulgado nessa terça-feira (16) pela Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), o município tem 43 mortes confirmadas, 956 casos confirmados e 6.021 suspeitos.




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