Audiência Pública debate planejamento do Carnaval 2020

“Por 4 dias o Brasil festeja. Por que em Juiz de fora temos que ficar dormindo?”. A fala da presidente da Liga das Escolas de Samba, Sônia Oliveira, deu a tônica da audiência pública realizada na Câmara nesta terça-feira, 29. O resgate do Carnaval de Juiz de Fora foi  a principal diretriz da audiência. Com o plenário cheio, o vereador proponente da discussão, Wanderson Castelar (PT), ressaltou que não se sustenta a justificativa do poder público de falta de recursos para não investir na festa, uma vez que a cidade ganha com a movimentação econômica. “O que se quer é a retomada da nossa festa nada menos de como ela deve ser: grandiosa”. Ele reforçou também que o Carnaval seja realizado na Avenida Rio Branco. Com nove inscritos da sociedade civil, os aspectos mais recorrentes apresentados por participantes da audiência foram: a necessidade do diálogo; o histórico de grandes festas em Juiz de Fora; a fundamental parceria do poder público, sociedade civil e iniciativa privada; o potencial cultural e econômico; denúncias de proibição; relatos de dificuldades criadas pela Prefeitura; entre outros.

A presidente da Liga das Escolas de Samba de Juiz de Fora, Sônia Oliveira, salientou que a união dos blocos e escolas é o único jeito de estar fortes para conseguir apoio da Prefeitura e de empresas. “Não conseguimos sem a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros. Mas somos muitos. Já fomos o segundo carnaval do país, e o que aconteceu?! Não é para pensar em  quem tem culpa, mas profissionalizar a festa”.

O presidente da Associação das Entidades Carnavalescas de Blocos de Juiz de Fora, Basileu Tavares, defendeu que o Carnaval precisa ser trabalhado como política pública e não política de governo, “porque a troca de governo não muda a festa. No âmbito da cultura é essencial. É inconcebível acabar o Carnaval de JF e não ter planejamento para uma festa que todo mundo sabe quando vai acontecer”. Basileu destacou também que ao abraçar o Carnaval, a Funalfa abre uma frente de arrecadação. “Ganha todo mundo: motorista de táxi, aplicativo, restaurantes, hotéis”. Ele terminou sua fala apresentando os números de Belo Horizonte, que, segundo ele, no último ano contou com 5 milhões de pessoas.

Sobre a reclamação, recorrente durante a audiência, de que a Polícia Militar proíbe as festas após às 21h, o também vereador Sargento Mello Casal (PTB) apresentou que o efetivo da polícia está menor, precisa se dividir em vários pontos da cidade e, por isso, há a necessidade de maior controle. Ele enfatizou, ainda, sobre a criação da Comoveec para facilitar a regularização dos blocos e defendeu que, enquanto houver blocos irregulares, o efetivo da polícia não tem como se organizar. O diretor de Comunicação da Liga das Escolas de Samba, Fernando Baldiotti, esclareceu que entende os problemas da polícia, mas que é preciso pensar formas de a PM e o Corpo de Bombeiros trabalharem junto da organização da festa. Ele realçou ainda a perspectiva industrial do Carnaval, em que muitas famílias dependem desse movimento.

O superintendente da Funalfa, Zezinho Mancini, ressaltou que ainda não tem nada definido e exemplificou como o poder público administra o Carnaval de São Paulo e o convencimento de que dinheiro investido na cultura é investimento na cidade. Ele também propôs um debate sobre o horário do Carnaval de rua para que todos sejam ouvidos. Sobre esse ponto, o vereador Juraci Scheffer (PT) foi categórico ao questionar a falta de propostas e definições estratégicas da Funalfa que já deveriam ser apresentadas durante a audiência. Sobre isso, Juraci apontou as dificuldades dos anos anteriores em realizar a festa. “Não podemos refrescar, o ex-prefeito não gostava de carnaval. O ex-superintendente da Funalfa não gostava de carnaval. Eles perseguiam os blocos. Há ainda questões religiosas aqui na cidade que podem prejudicar o carnaval. Não podemos aceitar censura”.

O presidente do Bloco “Banda Daki”, Zé Kodak, usou a tribuna para narrar as dificuldades de manter o Carnaval de Juiz de Fora por mais de 4 décadas, mas frisou especificamente o último ano em que até um dia antes do desfile da Banda Daki, não havia liberação para o carro elétrico. O vereador Rodrigo Mattos (PHS), líder do Governo, enfatizou que a Prefeitura precisa dar respostas e condições à população para a festa e que o diálogo com o sociedade é o melhor caminho.

Fonte: CMJF




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